segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pastor constrói igreja com 10 mil garrafas PET.

Que bela iniciativa do senhor Jeremias Ferreira, alem do mais retirou do meio ambiente 10 mil garrrafas PET e a igreja ficou linda...

Jeremias Ferreira diz que não pediu dízimo ou ajuda financeira.Em quatro meses, com ajuda de fiéis, obra quase foi concluída.



Foto: Marcelo Becker/Diário Catarinense/Agência RBS
Igreja foi construída com cerca de 10 mil garrafas PET e outros recicláveis (Foto: Marcelo Becker/Diário Catarinense/Agência RBS)
O pastor Jeremias Ferreira, 51 anos, construiu com cerca de 10 mil garrafas PET o templo para sua igreja Amigos de Jesus, em Tubarão (SC).

A construção representa, segundo ele, o principal valor da comunidade: não pedir dízimo ou ajuda financeira aos fiéis. “Vi uma igreja com esse propósito em Itajaí (SC), que não pedia contribuição. Inicialmente, fazíamos as celebrações na garagem da minha casa, mas sentimos a necessidade de um espaço maior”, disse Ferreira ao G1.

O terreno foi comprado pelo próprio pastor, com o dinheiro que ganha como eletricista e manobrista. “O dono do terreno me deixou pagar R$ 100 por mês e fui pagando assim, aos poucos.”

Já a ideia de construir a igreja com garrafas PET surgiu durante um culto. “Estava no meio de uma reunião e tive essa ideia. Acredito que foi um plano de Deus, porque não tínhamos os recursos dos fiéis.”

O material foi recolhido por crianças da comunidade que ganhavam uma bala a cada garrafa. Em quatro meses, e com a ajuda dos cerca de 30 fiéis da igreja, a obra quase foi finalizada. “Falta completar o telhado com garrafas. Temos também alguns pneus sendo colocados, assim como outros materiais recicláveis”, afirma.

Orgulhoso da iniciativa, Ferreira pretende agora ampliar a comunidade. “Fiquei muito satisfeito. Durante o dia é bem claro, e à noite fica muito bonito. Agora esperamos ver a igreja crescer.”

Do G1 em São Paulo

quarta-feira, 22 de julho de 2009

CIMENTO MADEIRA - MARAVILHA!!!

Fiquei muito contente com esta notícia, que com a simples mistura de serragem com cimento e uma cola especial poderemos substituir a madeira... e com isto não precisaremos mais derrubar tantas árvores....

Duro e liso, o composto pode ser usado até como piso. Pesquisador estuda árvores amazônicas como matéria-prima.
Iberê Thenório Do Globo Amazônia, em Manaus

Uma tábua dura, impermeável e resistente aos cupins está sendo pesquisada pelo Inpa (Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia) como uma boa alternativa para substituir a madeira em algumas etapas da construção civil e até mesmo na fabricação de móveis.

Conhecido como "cimento madeira", o composto é feito de serragem, cimento e uma cola especial. Liso e muito duro, o material lembra cerâmica e pode ser usado até mesmo como piso, de tão resistente.

Composto é resistente à água e ao ataque de cupins. Para pesquisador do Inpa, árvores amazônicas de crescimento rápido, como o pau-de-balsa e o paricá, podem ser plantadas para servir de matéria-prima na mistura. (Foto: Iberê Thenório/Globo Amazônia)
Segundo Fernando Almeida, pesquisador do instituto, a tecnologia para a fabricação do composto já era conhecida, mas até agora ninguém havia tentado fabricá-lo com madeiras amazônicas. “Temos um projeto com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para estudar seis árvores de crescimento rápido, como o paricá, para a geração de serragem. O pau-de-balsa, por exemplo, pode chegar a 12 metros de altura em um ano”, afirma o pesquisador.

terça-feira, 14 de julho de 2009

"A MARAVILHA DO RIO"

100 ANOS DO MUNICIPAL: Neste início do terceiro milênio, o planeta Terra está entrando na Era de Aquarius. Os poderes de Aquarius, que já começam a incidir sobre a Terra, atingirão o Brasil - que deixou de ser o País do Futuro e já é o País do Presente - destacarão a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro e abençoarão de maneira especial o seu coração, a mais importante obra criada pelo homem nesse cenário paradisíaco: o nosso majestoso Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que está, este ano, entrando em seu segundo centenário, nesta nova Era de Aquarius.Estou muito contente com o carinho e esmero com que estão promovendo a reforma física desse Templo de Arte de extraordinária beleza arquitetônica, um dos mais belos teatros do mundo. E estou extremamente feliz com a anunciada reforma dos estatutos de sua Fundação, condição indispensável para dinamizar esta mais importante usina de criação e apresentação de eventos culturais do país.A magnificência do Teatro Municipal do Rio de Janeiro se consolidou, como o principal ponto de encontro da classe artística nacional, a partir da criação de seus excelentes corpos artísticos: a orquestra sinfônica, o coro e o ballet. Essas três instituições , reconhecidas internacionalmente por seus altíssimos níveis técnico e artístico, tem sido os alicerces principais da programação das temporadas de óperas, ballets e concertos, e magnífico suporte para a apresentação de todos os grandes artistas que com eles se relacionaram.Rogo aos Céus que, com sua reabertura - totalmente rejuvenescido e modernizado - o Theatro Municipal do Rio de Janeiro possa solidificar a sua grandiosa história e seja ainda mais reconhecido por sua inestimável contribuição para o fortalecimento da nossa Cidadania. Viva o Teatro Municipal, a Maravilha do Rio de Janeiro!

Artigo de FERNANDO BICUDO, Presidente da Associação Brasileira de Artistas Líricos:(Jornal do Brasil - 14/07/09)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Política, Progresso x Meio-ambiente.

ÁRVORES PARA SEMPRE!
Um espaço para debater ecologia e, por quê não, economia, política e tudo o que pode afetar o meio-ambiente, visando sempre melhorá-lo. É preciso que a humanidade continue progredindo,mas será que esta forma destrutiva de progresso que nós mesmos criamos nunca irá mudar??
Não são as licenças ambientais que travam os investimentos
Gostaria de mencionar aqui esta reportagem que saiu no caderno de Economia do Estadão de domingo passado (05/07/09), intitulada "Máquina federal trava investimentos", a qual menciona estudo do economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Tal estudo constata que as restrições ambientais são um dos fatores que menos pesam no fato dos investimentos do famoso "pac" da Ministra Dilma não decolarem!Ou seja, todo este discurso do lulla, culpando "bagres" e "pererecas" para que as obras do (des)governo não andem é balela. Discurso este endossado por algumas emissoras de TV e pela bancada ruralista no congresso, bem como pelos falsos desenvolvimentistas de plantão.A questão é meramente administrativa. Grande parte das obras do tal "pac" não passam de placas anunciando as mesmas, além de caríssimos comerciais em TVs, jornais, etc.Claro que algumas obras absurdas em meio à Amazônia, como duplicações/pavimentações de rodovias, como a BR 319 e a BR 163, não deveriam nem ser cogitadas, devido à ameaça às últimas áreas preservadas da maior floresta tropical do mundo (investimentos em transportes ferroviário e aquaviário - bem menos impactantes em suas margens - sequer são cogitados e está comprovado que rodovias em meio à Amazônia são sentenças de morte à floresta). Mas creio isto ser assunto para outro tópico.Mas fica aí o alerta desta reportagem, que "botar a culpa de tudo no meio-ambiente" é um grande erro. Só serve para desmoralizar o trabalho sério de algumas instituições ambientalistas, que nada fazem além de alertar-nos que chegamos ao limite e precisamos repensar o modo de nos "desenvolvermos".P.S.:caso alguém não tenha conseguido clicar no link acima, copie e cole conforme abaixo, para ler a notícia:http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090705/not_imp397949,0.php
Postado por GABRIEL BERTRAN

Companhias elétricas barram arborização de cidades.

Elétricas contra a arborização urbana




Não é de hoje que as árvores e os fios elétricos não vêm convivendo bem em nossas cidades, na maioria das vezes por ignorância e intolerância por parte de população e autoridades. Agora, achei o cúmulo o fato abordado por reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo no último dia 24 de junho, intitulada "Companhias elétricas barram arborização de cidades em SP". Absurdo dos absurdos, estas companhias estão impedindo um amplo programa de arborização urbana (tão raro no Brasil que só destrói) da Secretaria do Meio-Ambiente do Estado de SP! Elas alegam que as ´rvores ameaçam os fios de transmissão de energia. Detalhe que estas árvores, das quais nossas cidades tanto necessitam, seque foram plantadas ainda!

Ridiculamente, o que as companhias elétricas propõe é o plantio de - pasmem - ARBUSTOS! O que elas não mencionam é que tais arbustos em nada contribuem para nossas cidades, pois não atraem pássaros, não melhoram o microclima, não fertilizam a terra e nem mesmo fornecem sombras aos transeuntes! Ainda por cima, tais espécimes vegetais de pequeno porte ainda atrapalham os pedestres, que podem acidentalmente tropeçar nas mesmas.

Por outro lado, as companhias elétricas também não mencionam que existem tecnologias que permitem a convivência pacífica entre árvores de grande porte e a fiação elétrica. É possível a compactação de fios e até o enterramento da rede em alguns casos, que além de tudo tornam as cidades bem mais bonitas, como ocorre em diversos países desenvolvidos, onde as ruas pertencem às árvores, e não aos horrendos fios de luz!

Só que estas companhias parecem não querer investir. Além de cobrarem valores absurdos nas contas de luz e depredarem o patrimônio ambiental das cidades, não querem devolver estes valores em forma de qualidade de vida, qualidade ambiental às populações por elas servidas!


Nós, cidadãos, não podemos deixar que isso aconteça. Eu digo e repito: existem técnicas para que os fios não atrapalhem o crescimento das árvores e vice-versa. Bem como existem espécies vegetais adequadas às nossas ruas. E foi a isto que a Secretaria de Meio-Ambiente se propôs, plantar de acordo com tais normas, de forma a melhorar a qualidade ambiental das ruas das cidades paulistas. É um programa que deveria aplicar-se a todo o país.

Além do mais, nossas companhias elétricas utilizam métodos de eletrificação antiquados, do final do século XIX, começo do século XX. É um excesso de fios nas ruas que, além de tudo, causam grande poluição visual e arquitetônica. Agora parece que existem mais "sociedades protetoras dos fios" do que protetoras das árvores, que tanto nos beneficiam quanto embelezam a paisagem!

Não podemos aceitar mais tais desculpas (por demais esfarrapadas!) para que nossas árvores sejam cada vez mais depredadas. Já basta a população, que, em grande parte, infelizmente não têm consciência frequentemente depredam, por conta própria, as pobres árvores que restam nas ruas, além de nem mesmo plantá-las quando têm espaço em seus imóveis ou calçadas. Fora que, quando as prefeituras plantam novas mudas nas calçadas, a maior parte delas são vandalizadas antes de atingirem um ano, ou seja, nem têm chance de crescer... É triste isso. Deveria haver mais educação ambiental. Mas se nem as empresas prestadoras de serviços contribuem...


terça-feira, 30 de junho de 2009

Medidas básicas de socorro podem salvar vítima de problemas cardíacos

Médico recomenda que qualquer pessoa aprenda a aplicar método.

No caso da morte do cantor Michael Jackson muito pouco se sabe, com certeza, das circunstâncias que cercaram o final de sua vida. O uso de medicamentos contra a dor, somente a presença de um médico naqueles que seriam seus últimos momentos, nada confirmado. A divulgação da ligação telefônica que acionou o serviço de resgate para a casa de Michael, porém, revela a única certeza do caso, até agora. No trecho divulgado, a pessoa que solicita auxílio descreve que um homem de 50 anos estava inconsciente e não respirava.Além disso a vitima estava recebendo manobras de ressuscitação feitas, em princípio, por seu médico particular. O relato era de que Michael estaria ainda em sua cama. O que se pode afirmar com certeza é que esse não é o local ideal para isso.Uma lição que podemos tirar do acontecido é lembrar que qualquer pessoa pode e deve aprender o que fazer se vier a enfrentar uma situação semelhante. As medidas de Suporte Básico de Vida podem salvar uma pessoa e são simples.
O protocolo de atendimento está baseado em 3 pontos: a manutenção da passagem do ar pelas vias aéreas, permitindo que o oxigênio chegue aos pulmões e o gás carbônico seja exalado; a insuflação do ar até os pulmões se a vitima não estiver respirando espontaneamente; e as compressões do tórax, conhecidas como massagem cardíaca.
Essas manobras devem ser aplicadas com a vitima sobre uma superfície rígida e podem manter os sistemas do corpo funcionando até que o resgate chegue. Os médicos e técnicos do resgate lançam mão do que chamamos Suporte Avançado de Vida, dispositivos e medicação específica para as situações que levaram ao estado de inconsciência e muitas vezes à parada cardíaca.
E porque deveríamos aprender a fazer essas manobras? Cerca de meio milhão de pessoas por ano morrem de forma súbita, vitimas de problemas circulatórios. As manobras de Suporte Básico de Vida fazem parte da Corrente da Sobrevivência, que tem como elos: o reconhecimento de que existe uma energência e de que o resgate deve ser acionado; manobras de ressuscitação cardiopulmonares básicas, que já descrevemos; o uso de desfibriladores externos automáticos, quando esses estiverem disponíveis; o suporte avançado de vida e o transporte com segurança para um hospital, para dar continuidade ao tratamento.
Nas capitais e nas principais cidades do Brasil existem centros de treinamento que ministram esses cursos de Suporte Básico de Vida. Procure se informar e aprenda a salvar uma vida se um dia o destino lhe colocar nessa situação.

Luis Fernando Correia é médico e apresentador do "Saúde em Foco", da CBN.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O contra ataque ao famoso Aedes aegypti.

Técnica induz mosquitos da dengue a espalhar veneno contra sua espécie
Teste foi feito por pesquisadores em Iquitos, no Peru.Mortalidade das larvas chega a 98%, diz estudo.

Henry Fountain Do 'New York Times'

Controlar o mosquito amplamente responsável por infectar pessoas com o vírus da dengue não é fácil. Isso porque o inseto, o famoso Aedes aegypti, evoluiu em paralelo com os humanos, vivendo nas proximidades e se reproduzindo até mesmo nas menores concentrações de água – água da chuva numa lata jogada, por exemplo, ou o pires embaixo de um vaso de flores.
Com tantos locais possíveis para reprodução, espalhar pesticida pode ser uma atividade meticulosa e cansativa. Porém, Gregor J. Devine, da Rothamsted Research, um instituto especializado em agricultura na Inglaterra, teve uma ideia diferente: por que não deixarmos que os próprios mosquitos façam o trabalho? Ampliando estudos de laboratório que mostravam a capacidade de os mosquitos adultos apanharem um inseticida e transferi-lo, Gregor e seus colegas conduziram experimentos de campo em Iquitos, no Peru, usando piriproxifeno, um composto capaz de matar larvas sem causar danos a mosquitos adultos (ou a humanos, nas quantidades utilizadas). Após uma refeição de sangue humano, uma fêmea de A. aegypti gosta de encontrar um local escuro e úmido para descansar enquanto seus ovos se desenvolvem, saindo mais tarde para encontrar água para depositá-los. Devine disse que o trabalho da equipe, descrito na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", se aproveitou dessa rotina. Ele e sua equipe montaram “estações de disseminação”, compostas por panos úmidos e escuros impregnados com piriproxifeno, em cantos e fendas de túmulos num cemitério. Quando uma fêmea descansava no pano, suas pernas carregavam um pouco do pesticida. Esse, por sua vez, se soltava quando ela pousava numa poça de reprodução. Os pesquisadores descobriram que montar essas estações em 3% dos locais disponíveis no cemitério resultava numa cobertura de quase todos os habitats de reprodução da área imediata, numa mortalidade de até 98% das larvas de mosquito.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Sou um consumidor consciênte? Será que faço a minha parte.

Diz uma velha história que o homem feliz não tinha camisa. Em plena sociedade de consumo, é impossível seguir o lema. Comprar faz parte do dia-a-dia, marca as relações sociais, é a base da economia. O problema é que o consumismo chegou a níveis insanos no mundo, aumentando a demanda por matéria-prima, a produção de lixo, a pressão sobre o meio ambiente.
Resolver essa equação não é simples, mas precisamos encarar. Um relatório da organização WWF mostra que consumimos 30% acima da capacidade regenerativa do planeta. Se a tendência não mudar, em 2030 seriam necessárias duas Terras para suprir tal demanda.
O relatório Planeta Vivo mostra ainda que tamanha pressão levou à perda de 30% da biodiversidade nos últimos 35 anos. Além do aumento populacional, a demanda gerada pelo ser humano dobrou por conta justamente do aumento do consumo individual.
Se compramos uma roupa nova, raramente consideramos que foi necessário cultivar algodão, processá-lo, fabricar a peça, empacotá-la, transportá-la. Se embarcamos em um avião, não pensamos que cada componente dele vem da natureza. É uma espécie de "ilusão de ótica", diz o professor da UFRJ José Augusto de Pádua, já que continuamos tão dependentes da natureza quanto nossos ancestrais.
Ao mesmo tempo em que não costumamos pensar nessas relações, o que consumimos diz muito sobre nós. "Consumir é comunicação", diz a cientista social Fátima Portilho, autora do livro "Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania". "Através dos bens que uso eu também digo quem sou. Eles determinam o status na sociedade." E, para ela, não há nada de mau nisso: em qualquer cultura, bens materiais marcam fronteiras e dizem quem é quem na hierarquia social. Fátima considera um erro do movimento ambientalista tachar o que é "certo" e "errado".
O problema é que os recursos estão se exaurindo - e, o que é pior, por causa de uma minoria privilegiada. Uma pesquisa do Worldwatch Institute, O Estado do Mundo 2004, mostrou que apenas um quarto dos habitantes do globo consomem acima de suas necessidades. Metade da população consome até a quantidade necessária para a sobrevivência, e metade disso, abaixo do que precisa.
O consumo de cada umDe modo geral, o consumo está profundamente associado às carências e frustrações da vida contemporânea. "Muitas vezes ele supre uma fantasia: 'Se eu comprar tal roupa, serei mais bonita, poderosa, feliz'", diz a psicóloga Denise Ramos, da PUC-SP.
Se o consumo é um elemento tão fundamental no imaginário e na vida das pessoas, ele pode se tornar também um instrumento poderoso. Em uma pesquisa do Akatu, mais de 50% dos entrevistados disseram acreditar que o que compram define quem são. "Fica claro que, ao escolher empresas responsáveis, eles estão praticando um ato de cidadania", diz Helio Mattar. Sendo assim, se é impossível fugir do consumo, o jeito é abraçá-lo da melhor maneira. É o que Fátima Portilho chama de "politização do consumo". Segundo ela, de maneira crescente, o ato de escolher e usar produtos tem se tornado uma ação política ao lado de práticas tradicionais, como o voto. "É na esfera do consumo que as pessoas percebem que podem fazer alguma coisa. Com a internet, mais acesso à informação, o consumidor está cada vez mais ativo no mercado".
Passos para a mudança Até mesmo deixar de comprar pode ser uma maneira de dar o recado: não é à toa que movimentos como o Buy Nothing Day, o dia de não comprar nada, conquistam adeptos. Criado em 1992 pelo artista canadense Ted Dave e encampado pela revista de vanguarda Adbusters, o movimento reúne milhares de pessoas em 65 países. Outro fenômeno com milhões de seguidores no mundo todo é a "simplicidade voluntária", que prega uma nova relação com os bens, o dinheiro e o tempo. Muitos dos seguidores abrem mão de trabalhar tantas horas e ganhar tanto dinheiro para aproveitar as coisas simples da vida. Praticante dessa filosofia, Jorge Mello propõe que cada um pergunte a si mesmo o que é necessário. "Progressivamente as pessoas descobrem que podem viver com mais qualidade sem ostentação."
Os especialistas são unânimes: não existe receita para ser um consumidor responsável. Há diversos sites, como o www.climaeconsumo.org.br, em que o visitante pode calcular sua pegada ecológica, o rastro de degradação ambiental deixado por seus hábitos. O site do Akatu traz o Teste do Consumidor Consciente, com uma série de perguntas para avaliar como o visitante pode tornar seus hábitos mais sustentáveis.
Em que você pode ajudar?- Passe algumas das horas que gastaria nas compras visitando pessoas queridas, que você viu pouco no ano.
- Planeje os gastos, estipule um limite de despesas e não saia dele. Se comprar a crédito, atenção aos juros. Faça prestações que caibam no orçamento.
- Escolha presentes alternativos, reciclados, produzidos artesanalmente, de pouco impacto ambiental e feitos para durar.
- Dê presentes simbólicos: um texto escrito por você ou do qual goste; uma canção que marcou o ano, uma entrada para visitar uma exposição.
- Reflita antes de comprar: o presente é realmente do gosto do presenteado? É um gesto de real amizade ou apenas um "genérico"?
- Doe o que você não usa, proporcionando uma vida melhor a quem precisa.
- Diminua o uso de embalagens, preferindo as que possam ser reutilizadas.
- Recicle e dê cara nova a tudo o que for possível.
- Não compre produtos piratas ou contrabandeados, que contribuem com o crime organizado.
- Use luzes de baixo consumo.
- Compre o necessário: evite exagero de alimentos e bebidas. Se possível, escolha alimentos orgânicos e locais.
- Opte por comprar produtos de empresas social e ambientalmente mais responsáveis.

Por Natalia Viana, da Revista Sustenta

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O dia da Terra. Mas todo dia é dia da Terra.

O Dia da Terra foi criado em 1970, quando o senador americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição, aproveito a proximidade da data para lançar alguns tópicos para reflexão.
Vamos economizar energia e evitar a poluição.
Faça a sua parte!!!!
1. Troque suas lâmpadas incandescentes por fluorescentesLâmpadas fluorescentes gastam 60% menos energia que uma incandescente. Assim, você economizará 136 quilos de gás carbônico anualmente.
2. Limpe ou troque os filtros o seu ar condicionadoUm ar condicionado sujo representa 158 quilos de gás carbônico a mais na atmosfera por ano.
3. Escolha eletrodomésticos de baixo consumo energéticoProcure por aparelhos com o selo do Procel (no caso de nacionais) ou Energy Star (no caso de importados).
4. Não deixe seus aparelhos em standbySimplesmente desligue ou tire da tomada quando não estiver usando um eletrodoméstico. A função de standby de um aparelho usa cerca de 15% a 40% da energia consumida quando ele está em uso.
5. Mude sua geladeira ou freezer de lugarAo colocá-los próximos ao fogão, eles utilizam muito mais energia para compensar o ganho de temperatura. Colocar roupas e tênis para secar atrás deles então, nem pensar! Mas isso ninguém mais faz hoje em dia… faz?
6. Descongele geladeiras e freezers antigos… se é que você ainda tem um!Se for o caso, considere trocar de aparelho. Os novos modelos consomem até metade da energia dos modelos mais antigos, o que subsidia o valor do eletrodoméstico a médio/longo prazo.
7. Feche suas panelas enquanto cozinhaSimples, não? Ao fazer isso você aproveita o calor que simplesmente se perderia no ar. Já as panelas de pressão economizam cerca de 70% do gás utilizado!
8. Use a máquina de lavar roupas/louça só quando estiverem cheiasCaso você realmente precise usá-las com metade da capacidade, selecione os modos de menor consumo de água. Se você usa lava-louças, não é necessário usar água quente para pratos e talheres pouco sujos. Só o detergente já resolve.
9. Tome banho de chuveiro E de preferência, rápido. Um banho de banheira consome até quatro vezes mais energia e água que um chuveiro.
10. Use menos água quenteAquecer água consome muita energia. Para lavar a louça ou as roupas, prefira usar água morna ou fria.
11. Pendure ao invés de usar a secadoraVocê pode economizar mais de 317 quilos de gás carbônico se pendurar as roupas durante metade do ano ao invés de usar a secadora.
12. Nunca é demais lembrar: recicleRecicle no trabalho e em casa. Se a sua cidade ou bairro não tem coleta seletiva, leve o lixo até um posto de coleta. Existem vários na rede Pão de Açúcar. Lembre-se de que o material reciclável deve ser lavado (no caso de plásticos, vidros e metais) e dobrado (papel).
13. Faça compostagemCerca de 3% do metano que ajuda a causar o efeito estufa é gerado pelo lixo orgânico doméstico. Aprenda a fazer compostagem: além de reduzir o problema, você terá um jardim saudável e bonito.
14. Reduza o uso de embalagensEmbalagem menor é sinônimo de desperdício de água, combustível e recursos naturais. Prefira embalagens maiores, de preferência com refil. Evite ao máximo comprar água em garrafinhas, leve sempre com você a sua própria.
15. Compre papel recicladoProduzir papel reciclado consome de 70 a 90% menos energia do que o papel comum, e poupa nossas florestas.
16. Utilize uma sacola para as comprasSacolinhas plásticas descartáveis são um dos grandes inimigos do meio-ambiente. Elas não apenas liberam gás carbônico e metano na atmosfera, como também poluem o solo e o mar. Quando for ao supermercado, leve uma sacola de feira ou suas próprias sacolinhas plásticas.
17. Plante uma árvoreUma árvore absorve uma tonelada de gás carbônico durante sua vida. Plante árvores no seu jardim ou inscreva-se em programas como o SOS Mata Atlântica ou Iniciativa Verde.
18. Compre alimentos produzidos na sua regiãoFazendo isso, além de economizar combustível, você incentiva o crescimento da sua comunidade, bairro ou cidade.
19. Compre alimentos frescos ao invés de congelados Comida congelada consome até 10 vezes mais energia para ser produzida. É uma praticidade que nem sempre vale a pena.
20. Compre orgânicosPor enquanto, alimentos orgânicos são um pouco mais caros pois a demanda ainda é pequena no Brasil. Mas você sabia que, além de não usar agrotóxicos, os orgânicos respeitam os ciclos de vida de animais, insetos e ainda por cima absorvem mais gás carbônico da atmosfera que a agricultura "tradicional"? Se toda a produção de soja e milho dos EUA fosse orgânica, cerca de 240 bilhões de quilos de gás carbônico seriam removidos da atmosfera. Portanto, incentive o comércio de orgânicos para que os preços possam cair com o tempo.
21. Coma menos carneO metano, emitido por bois e vacas é um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa. Além disso, a produção de carne demanda uma quantidade enorme de água e terras. Confira alguns posts sobre o assunto aqui.
22. Ande menos de carroUse menos o carro e mais o transporte coletivo (ônibus, metrô) ou o limpo (bicicleta ou a pé). Se você deixar o carro em casa 2 vezes por semana, deixará de emitir 700 quilos de poluentes por ano.
23. Não deixe o bagageiro vazio em cima do carroQualquer peso extra no carro causa aumento no consumo de combustível. Um bagageiro vazio gasta 10% a mais de combustível, devido ao seu peso e aumento da resistência do ar.
24. Mantenha seu carro reguladoCalibre os pneus a cada 15 dias e faça uma revisão completa a cada seis meses, ou de acordo com a recomendação do fabricante. Carros regulados poluem menos. A manutenção correta de apenas 1% da frota de veículos mundial representa meia tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera.
25. Dirija com atenção e não desperdice combustívelEscolha as marchas corretas, utilize o freio de mão ao invés do pedal quando possível, desligue o carro quando ele ficar mais de 1 minuto parado. Dessa forma, você economiza dinheiro, combustível e o meio-ambiente.
26. Lave o carro a secoExistem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a lavagem tradicional, que desperdiça centenas de litros a cada lavagem. Procure no seu posto de gasolina ou no estacionamento do shopping.
27. Quando for trocar de carro, escolha um modelo menos poluenteApesar da dúvida sobre o álcool ser menos poluente que a gasolina ou não, existem indícios de que parte do gás carbônico emitido pela sua queima é reabsorvida pela própria cana de açúcar plantada. Carros menores e de motor 1.0 poluem menos. Em cidades como São Paulo, onde no horário de pico anda-se a 10km/h, não faz muito sentido ter carros grandes e potentes para ficar parados nos congestionamentos.
28. Use o telefone ou a InternetA quantas reuniões de 15 minutos você já compareceu esse ano, para as quais teve que dirigir por quase uma hora para ir e outra para voltar? Usar o telefone ou kype pode poupar você de stress, além de economizar um bom dinheiro e poupar a atmosfera.
29. Voe menosDeixar de pegar um avião apenas uma ou duas vezes por ano faz uma diferença significativa para a atmosfera. Se você não pode se dar esse luxo, que tal neutralizar suas emissões? Você pode fazer o cálculo aqui.
30. Incentive sua escola, trabalho ou condomínio a reduzir suas emissõesVocê pode se tornar um agente de grandes mudanças se, além de reduzir suas emissões também estimular seus amigos a fazer o mesmo.
31. Economize CDs e DVDsCDs e DVDs sem dúvida são mídias eficientes e baratas, mas você sabia que um CD leva cerca de 450 anos para se decompor e que, ao ser incinerado, ele volta como chuva ácida (como a maioria dos plásticos)?Utilize mídias regraváveis, como CD-RWs, drives USB ou mesmo e-mail ou FTP para carregar ou partilhar seus arquivos. Hoje em dia, são poucos arquivos que não podem ser disponibilizados virtualmente ao invés de em mídias físicas.
32. Proteja as florestasPor anos os ambientalistas foram vistos como "eco-chatos". Mas em tempos de aquecimento global, as árvores precisam de mais defensores do que nunca. O papel delas no aquecimento global é crítico, pois mantém a quantidade de gás carbônico controlada na atmosfera.
33. Considere o impacto de seus investimentosO dinheiro que você investe não rende juros sozinho. Isso só acontece quando ele é investido em empresas ou países que dão lucro. Na onda da sustentabilidade, vários bancos estão considerando o impacto ambiental das empresas em que investem o dinheiro dos seus clientes. Informe-se com o seu gerente antes de escolher o melhor investimento para você e o meio ambiente.
34. Informe-se sobre a política ambiental das empresas que você contrataSeja o banco onde você investe ou o fabricante do shampoo que utiliza, todas as empresas deveriam ter políticas ambientais claras para seus consumidores. Ainda que a prática esteja se popularizando, muitas empresas ainda pensam mais nos lucros e na imagem institucional do que em ações concretas. Por isso, não olhe apenas para as ações que a empresa promove, mas também a sua margem de lucro alardeada todos os anos. Será mesmo que eles estão colaborando tanto assim?
35. Desligue o computadorMuita gente tem o péssimo hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, às vezes fazendo downloads, às vezes simplesmente por comodidade. Desligue o computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilizá-lo e o monitor por até quinze minutos.
36. Considere trocar seu monitorO maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor. Monitores de LCD são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos. O que fazer com o antigo? Doe a instituições como o Comitê para a Democratização da Informática.
37. Não troque o seu iPod ou celularPelo menos enquanto estiverem em bom estado. Se o problema é a bateria, considere trocá-la e descartá-la adequadamente, encaminhando-a a postos de coleta. Gadgets como iPods e celulares trouxeram muita comodidade à nossa vida, mas utilizam de derivados de petróleo em suas peças e metais pesados em suas baterias. Além disso, na enorme maioria das vezes sua produção é feita utilizando mão de obra barata em países em desenvolvimento.Utilize seus gadgets até o final da vida útil deles, lembre-se de que eles certamente não foram nada baratos.
38. No escritório, desligue o ar condicionado uma hora antes do final do expedienteNum período de 8 horas, isso equivale a 12,5% de economia diária, o que equivale a quase um mês de economia no final do ano. Além disso, no final do expediente a temperatura começa a ser mais amena.
39. Não permita que as crianças brinquem com águaBanho de mangueira, guerrinha de bambuchas e toda sorte de brincadeiras com água são sem dúvida divertidas, mas passam a equivocada idéia de que a água é um recurso infinito, justamente para aqueles que mais precisam de orientação. Não deixe que seus filhos brinquem com água, ensine a eles o valor desse bem tão precioso.
40. No hotel, economize toalhasEm alguns hotéis, o hóspede tem a opção de não ter as toalhas trocadas diariamente, para economizar água e energia.
41. Participe de ações virtuaisA Internet é uma arma poderosa na conscientização e mobilização das pessoas. Um exemplo é o site ClickÁrvore, que planta árvores com a ajuda dos internautas. Informe-se e aja!
42. Instale uma válvula na sua descargaInstale uma válvula para regular a quantidade de água liberada no seu vaso sanitário: mais quantidade para o número 2, menos para o número 1!
43. Economize água em suas viagensA distribuição de água no mundo é extremamente irregular. Em algumas regiões da África é necessário caminhar por mais de dois quilômetros para se encontrar água. O Brasil, que possui um dos maiores reservatórios do mundo, tem um nordeste agonizante pela seca e pela pobreza. Ao viajar para regiões onde a água é escassa, economize mais ainda.
44. Recicle árvores e cartões de NatalTodos os anos, toneladas de árvores de madeira ou de plástico são jogadas no lixo, sem contar os inúmeros cartões de natal e caixas de presentes. Incorpore o espírito do natal e reaproveite tudo o que puder no ano seguinte, para que todos sempre tenham um feliz ano novo.
45. Não peça comida para viagemSe você já foi até o restaurante ou à lanchonete, que tal sentar um pouco e curtir sua comida ao invés de pedir para viagem? Assim você economiza as embalagens de plástico e isopor utilizadas.
46. Regue as plantas à noiteAo regar as plantas à noite ou de manhãzinha, você impede que a água se perca na evaporação, e também evita choques térmicos que podem agredir suas plantas.
47. Frequente restaurantes naturais/orgânicosCom o aumento da consciência para a preservação ambiental, uma gama enorme de restaurantes naturais, orgânicos e vegetarianos está se espalhando pelas cidades. Ainda que você não seja vegetariano, experimente os novos sabores que essa onda verde está trazendo e assim estará incentivando o mercado de produtos orgânicos, livres de agrotóxicos e menos agressivos ao meio-ambiente.
48. Vá de escadaPara subir até dois andares ou descer três, que tal ir de escada? Além de fazer exercício, você economiza energia. Se você vai de elevador, a boa-educação manda que você espere quem ainda está chegando, certo?
49. Faça sua voz ser ouvida pelos seus representantesUse a Internet, cartas ou telefone para falar com os seus representantes em sua cidade, estado e país. Mobilize-se e certifique-se de que os seus interesses – e de todo o planeta – sejam atendidos.
50. Divulgue essa lista!Envie essa lista por e-mail para seus amigos, divulgue o link do post no seu blog ou orkut, reproduza-a livremente, e, quando possível, cite a fonte. O Mude o Mundo agradece, e o planeta também! "
"Traduzidas e adaptadas de GlobalWarmingFacts.info.

domingo, 19 de abril de 2009

Hoje é dia do ÍNDIO

Em 2009, STF quer julgar demarcação de terras indígenas no RS e na BA
Na Bahia, 4,5 mil índios Pataxó vivem em área de 54 mil hectares.No Rio Grande do Sul, disputa é entre fazendeiros e índios Kaingang.

Do G1, em São Paulo

STF quer analisar outros processos de demarcação de terras indígenas em 2009 (Foto: Wilson Dias/ABr )
O plenário da Corte do Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar, ainda em 2009, ações sobre a legalidade de títulos de propriedade de imóveis rurais concedidos em área ocupada por índios Kaingang, no Rio Grande do Sul, e na reserva indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, na Bahia.

Segundo a Agência Brasil, o ministro do STF Carlos Ayres Britto, que relatou o processo da Raposa Serra Sol, crê que a decisão da Corte, em 19 de março deste ano, vai nortear futuros pronunciamentos em causas semelhantes. “Ela [decisão de manter demarcação contínua da Raposa] vai balizar não por mérito próprio, porque não foi inovação de conteúdo, mas uma reafirmação do que já está na Constituição Federal”, afirmou Britto.
Entre as 19 condições definidas pelo STF no caso Raposa Serra do Sol, uma delas ressalta ser vedada a ampliação da terra indígena já demarcada. Apenas nesta questão, Ayres Britto foi voto vencido, mas ele não descarta que a Corte reveja futuramente este entendimento. Em alguns estados brasileiros, como Mato Grosso do Sul, estudos para novas demarcações estão em curso para garantir a adequada sobrevivência da população indígena. Britto avalia que o STF consolidou uma posição importante para a reafirmação dos direitos dos povos indígenas no Brasil. “Foi o reconhecimento da dignidade dos índios, de que não há cultura étnica superior ou inferior a outra. A aculturação tem que ser um soma, algo que se ganha, e não algo que se perde. Isso coloca o Brasil na vanguarda mundial da questão indígena.”
Na Bahia
Em setembro do ano passado, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito pediu vista do processo referente à Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, no sul da Bahia, que tramita na Justiça há 25 anos. Na área de 54 mil hectares, favorável ao cultivo de cacau, vivem cerca de 4,5 mil índios Pataxó Hã-Hã-Hãe e fazendeiros que obtiveram títulos de posse do governo do estado. O documento foi obtido após ter sido feita a demarcação como terra indígena pela União, na década de 1930. Antes da suspensão do julgamento pelo pedido de vista, o relator, ministro Eros Grau, votou pela declaração da nulidade de todos os títulos de posse emitidos pelo governo da Bahia aos fazendeiros da área. Grau citou que tais títulos não teriam validade porque foram expedidos depois da Constituição de 1967, que consagrou as terras ocupadas pelos índios como bens da União, com usufruto exclusivo deles. “A baixa demografia indígena em determinados períodos, na região, não impede o reconhecimento do caráter permanente da posse dos índios”, disse. O relator ainda acrescentou que, se em algum momento, os índios não estiveram na região foi pelo fato de terem sido expulsos por fazendeiros. Os Pataxó alegam que “parentes” foram vítimas de assassinatos, sequestros, invasões e ameaças desde que os fazendeiros obtiveram títulos de posse na área.

No Rio Grande do Sul
O processo que trata da disputa por terras entre fazendeiros e índios Kaingang no Rio Grande do Sul voltará ao plenário com um voto-vista da ministra Cármen Lúcia. A ação foi ajuizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que pede a declaração de nulidade dos títulos de propriedade de imóveis rurais concedidos pelo governo gaúcho na região em que vivem os índios. O julgamento da causa começou em maio de 2002 e o relator, ministro Ilmar Galvão, votou pela nulidade dos títulos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Projeto para recuperar as florestas da Mata Atlântica.

Projeto pretende restaurar 15 milhões de hectares da Mata Atlântica até 2050
Pacto envolve organizações ambientalistas, empresas e governos e tem meta de integrar ações de recuperação da floresta.
Da BBC

Organizações ambientalistas lançaram nesta terça-feira um projeto que pretende restaurar 15 milhões de hectares da Mata Atlântica até 2050, equivalentes a cerca de 10% da floresta original e ao dobro da área atualmente conservada.
O chamado Pacto pela Restauração da Mata Atlântica tem o objetivo de integrar iniciativas já existentes e ampliar o alcance de projetos para "reverter o processo de degradação e começar um amplo programa de recuperação dessa floresta", diz o coordenador geral do conselho de coordenação do projeto, Miguel Calmon, que também é diretor do programa de conservação para a Mata Atlântica da The Nature Conservancy.
Calcula-se que apenas 7,26% da área original da Mata Atlântica (de 1,36 milhão de quilômetros quadrados) ainda estejam conservados. Outros 13%, segundo os idealizadores do pacto, são fragmentos em diferentes estágios de conservação, que necessitam de ações de proteção.
Com os 15 milhões de hectares que o projeto pretende restaurar (área equivalente a três vezes o território do Estado do Rio de Janeiro), o objetivo é chegar à meta de 30% do bioma da Mata Atlântica recuperados.
Um mapeamento realizado desde 2007 por especialistas das principais organizações que atuam na Mata Atlântica identificou 17,45 milhões de hectares com potencial para restauração.
Incentivos
Até esta terça-feira, o plano já tinha a adesão de 53 organizações ambientalistas, empresas, governos e instituições de pesquisa. Os coordenadores do projeto esperam novas adesões, inclusive de organizações de indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.
Segundo Calmon, o valor médio para recuperar um hectare da Mata Atlântica é de US$ 1 mil, o que levaria a um cálculo de aproximadamente US$ 15 bilhões para recuperar 15 milhões de hectares.
Calmon afirma que um dos objetivos é aliar a conservação da biodiversidade à geração de trabalho e renda na cadeia produtiva da restauração.
Proprietários rurais, por exemplo, poderiam se beneficiar com a adequação legal de suas terras e eventuais ganhos financeiros por sequestro de carbono e outros serviços ambientais.
Áreas de pastagens com baixa produtividade poderiam ser transformadas em florestas manejadas com alto rendimento econômico, segundo os coordenadores do projeto.
Também está prevista a disseminação de informações técnicas, além do monitoramento das ações.
"Vamos definir e monitorar uma meta anual também", diz Calmon. Os idealizadores do projeto afirmam, porém, que para ser consistente a restauração é um processo longo, que envolve décadas.
A Mata Atlântica abriga 60% das espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Atualmente, vivem na Mata Atlântica 122 milhões de pessoas.

G1 - Portal de notícias Globo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ganância triufante x Meio Ambiente derrotado.

O Instituto Chico Mendes se perde nas Veredas
Marcos Sá Correa *


Sem freio nem motorista, desembestado na contramão, o Brasil está em campanha para se livrar das leis que protegem as últimas relíquias de sua exuberância natural.
Há um anúncio na TV dizendo que “o País vai parar” se elas não mudarem.Mas a publicidade é o de menos.
Santa Catarina disparou na frente e, concretamente, vota até o fim do mês na Assembleia Legislativa o Projeto 0238,que desfigura o Código Ambiental do Estado a ponto de instituir a licença automática de obras não embargadas e reduzir de 30 para 5 metros a barreira de matas ciliares nos cursos d’água. A desculpa dos políticos é alforriar, com o projeto, cerca de 167 mil pequenos agricultores, espremidos pelas faixas de proteção permanente em propriedades de 50 hectares. Mas,na prática, o novo código atende antes de mais nada “os grandes”, avisa o promotor Luís Eduardo Souto, em artigo no site da Apremavi, uma ONG da serra catarinense. Os“grandes”,Souto esclarece, são 1,9% de latifundiários que dominam 32,52% da área cultivada no Estado. O “agricultor familiar”, que lhes serve de pretexto, já conta com a “autorização legal do código vigente para utilizar economicamente as áreas de preservação permanente, desde que o faça mediante sistema de manejo agroflorestal sustentável”.
Mas isso não faz diferença. Mente-se tanto no Brasil em favor dos pobres que dez projetos federais disputam, em Brasília, a honra de amputar 9,5 milhões de hectares de parques nacionais e outros tipos de reserva. Somados pelo repórter Aldem Bourscheit, dos confins da Amazônia às fronteiras do RS, eles dariam para cobrir um Estado do tamanho de SC. Só o deputado Asdrúbal Bentes quer acabar com 6,5 milhões de ha em florestas nacionais e parques no Pará.
O presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, alega que os projetos dos parlamentares são fracos, “sem informação técnica detalhada”. Seria plausível caso Mello se dedicasse a desmontá-los. Mas não foi isso que fez, no domingo passado, falando em programa de TV sobre o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
Como encarregado oficial de zelar pelas unidades de conservação do governo federal, ele pôs no ar dúvidas estranhas sobre a legitimidade do processo que resultou no parque, estabelecido num lugar “onde tem gente”. E ainda aproveitou as câmeras para propor a revisão do Código Florestal Brasileiro.
Com defensores como Mello, o Ministério do Meio Ambiente não precisa de opositores. Mello, pelo visto, ignora que o Grande Sertão Veredas surgiu de um processo exemplar. Leva a assinatura de Maria Tereza Pádua, a funcionária pública que,em outros tempos,instituiu quase tantos hectares de áreas protegidas quanto os milhões que as autoridades agora pretendem suprimir. ●
* É jornalista e editor do site
O Eco (www.oeco.com.br)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Exterminio da Humanidade em 2030

Cientista britânico prevê 'catástrofe' mundial em 2030
Principal assessor do governo afirma que vão faltar água, alimentos e energia para toda a população.
Da BBC

O aumento da população mundial e das demandas por água, energia e alimentos poderão provocar uma "catástrofe" em 2030, segundo previsões do principal conselheiro científico do governo britânico.
John Beddington descreveu a situação como uma "tempestade perfeita", termo usado quando uma combinação de fatores torna uma tempestade que, por si só, não teria tanto efeito, em algo muito mais poderoso. A analogia também é usada para descrever crises econômicas.
Segundo Beddington, com a população mundial estimada em 8,3 bilhões de pessoas em 2030, a demanda por alimentos e energia deve aumentar em 50%, e por água potável deve aumentar em 30%.
As mudanças climáticas devem piorar ainda mais a situação, vai advertir o cientista nesta quinta-feira, na conferência Desenvolvimento Sustentável RU 09, em Londres.
"Não vai haver um colapso total, mas as coisas vão começar a ficar realmente preocupantes se não combatermos esses problemas", afirma Beddington.
Segundo ele, esta crise por recursos vai ser equivalente à atual crise no setor bancário.
"Minha principal preocupação é com o que vai ocorrer internacionalmente, vai haver falta de alimentos e de água", prevê o cientista.
"Nós somos relativamente sortudos no Reino Unido; pode não haver falta, mas podemos esperar um aumento de preço dos alimentos e de energia."
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) prevê falta de água generalizada na África, Ásia e Europa até 2025.
A quantia de água potável disponível por habitante deve diminuir dramaticamente neste período.
A questão da segurança alimentar e energia chegou a entrar no topo da agenda política no ano passado, durante a alta do preço do petróleo e de commodities.
Segundo Beddington, a preocupação agora que os preços voltaram a cair é de que essas questões saiam da agenda doméstica e internacional.
"Não podemos ser complacentes. Só porque os preços caíram, não significa que podemos relaxar", diz ele.
Melhorar globalmente a produtividade agrícola é uma forma de combater o problema, afirma Beddington.
Atualmente, se perdem entre 30% e 40% de toda a produção, antes da colheita, por causa de pragas e doenças.
"Temos que procurar uma solução. Precisamos de mais plantas resistentes a pragas e doenças, e de melhores práticas agrícolas e de colheita", afirma Beddington.
"Os alimentos transgênicos também podem ser parte da solução. Precisamos de plantas que sejam resistentes à seca e à salinidade - uma mistura de modificações genéticas e cruzamento convencional de plantas."
De acordo com o cientista, também são essenciais melhorias na estocagem de água e fontes de energia mais limpas.
John Beddington está a frente de um subgrupo de um novo departamento do governo criado para combater a segurança alimentar.

Portal G1

domingo, 15 de março de 2009

Lei da Engenharia Pública: consolidando o direito social à moradia previsto no art. 6o da Constituição Federal.

Algumas leis são criadas a partir de uma prática bem sucedida da sociedade. É o caso da lei que, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 24 de dezembro, garante assistência técnica gratuita para a construção de casas populares. Um verdadeiro presente de Natal para cerca de 10 milhões de pessoas que vivem no país onde o déficit habitacional registra 8 milhões de moradias.A função social da proposta apresentada na Câmara dos Deputados por Zezéu Ribeiro (Pt-BA), aprovada pelo Senado sob o número 11888 e agora transformada em lei, se irradiará por diversos setores, a começar pelo habitacional e pelo ordenamento da ocupação do solo urbano.A assistência técnica para erguer casas de até 60m² – em áreas declaradas de interesse social - garante projetos mais baratos porque evitam o desperdício de material, além de trazer a reboque os serviços de luz, água e saneamento básico. Com essas perspectivas, o direito à moradia, inscrito na Constituição, ganhará um adjetivo: qualidade de vida.A sanção presidencial da chamada lei da engenharia pública representa também a vitória fantástica do movimento social e de uma luta de mais de 20 anos do nosso sistema profissional, das nossas entidades de classe, sem falar nos Creas que nos acompanham desde 2006. Naquele ano iniciamos um amplo movimento no Congresso Nacional na defesa de projetos considerados prioritários para a sociedade e para a área tecnológica, entre eles, o da assistência técnica, que nós chamamos de engenharia e arquitetura pública.Também defendemos o projeto desde o nosso primeiro encontro com o Ministério das Cidades e com o Conselho Nacional das Cidades. Acreditamos que a Lei trará para os municípios um salto qualitativo fantástico sob o aspecto do planejamento e da ordenação urbana.Um dos grandes problemas que temos nas periferias das cidades é a construção irregular, fora do planejamento e de todos os parâmetros técnicos estabelecidos pelos Planos Diretores e Código de Obras. Mais do que isso, ocupando área de risco e inundáveis. Essa lei abre vai ajudar a população que recebe até 3 salários mínimos a ter acesso a um profissional para fazer ou executar o projeto obedecendo padrões técnicos, e em locais seguros. Claro que por si só, a lei não vai resolver tudo, mas é certamente um instrumento importante.Além de ser baseada em programas que já são desenvolvidos no país, a lei foi sábia ao definir quem pode trabalhar nesses programas.Em sua maioria, os serviços a serem prestados são executados por profissionais reunidos pelo Sistema Confea/Crea, o que também significa que a Lei deve abrir oportunidades no mercado de trabalho para engenheiros de diversas modalidades, arquitetos e urbanistas e técnicos em edificações, por exemplo, que atuem no serviço público, integrem programas de residência acadêmica ou programas de extensão universitária, por meio de escritórios-modelos ou escritórios públicos com atuação na área.Nosso trabalho agora envolvendo entidades de classe e o sistema profissional é detalhar com prefeituras e o ministério das cidades a operacionalidade da lei que já prevê recursos vindos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, e permite a participação do capital privado. Temos 180 dias – prazo em que entra em vigor – para estruturar as equipes técnicas que darão a assistência e isso tem que ser feito em nível municipal.Democrática, a lei alcança cooperativas, associação de moradores e até mesmo a iniciativa de uma só família, e a construção pode ser feita por mutirão, têm preferência as zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social, tanto no campo quanto na cidade.Os Creas, as Entidades de Classe e as Instituições de Ensino têm condição de atender e treinar os técnicos e a comunidade para se beneficiar da lei. Alguns regionais já desenvolvem programas voltados para a habitação de interesse social. Só para citar um exemplo, temos a iniciativa do Crea do Paraná - programa Casa Fácil - que existe há 20 anos, já atendeu 145 mil famílias e soma hoje mais de 8 milhões de metros quadrados construídos, em 300 municípios.Mais uma das vantagens da lei é que permite ao Sistema Confea/Crea e às representações das Entidades de Classe e ONGs atuarem na interface entre sociedade de um modo geral, os profissionais e os poderes Legislativo e Executivo. A lei cria oportunidades para que engenheiros e arquitetos atuem de maneira mais constante de junto às comunidades carentes. Permite que cada um seja um agente em potencial da conscientização sobre os cuidados com o meio ambiente e cumpra o papel social e humano que caracteriza a Engenharia e a Arquitetura.
Marcos Túlio de MeloPresidente do Confea

domingo, 8 de março de 2009

O hóspede que queria eliminar o hospedeiro.

- O Hóspede que Queria Eliminar o Hospedeiro –

Murilo Marques Filho
Fevereiro/Março de 2009

I
Niterói possui alguns dos patrimônios históricos e arqueológicos mais relevantes do Brasil - patrimônio indígena de especial interesse para toda a espécie humana - sucessivamente desprezado tanto pelos políticos que alçaram à prefeitura pela via direta quanto pelos alcaides que alçaram a essa condição indiretamente.
O Sambaqui Camboinhas - hoje parcialmente destruído pela ação voraz da especulação imobiliária - construção humana de mais de 8.000 anos de idade, anterior à edificação às estruturas do Velho Mundo, sendo duas vezes mais antigo do que as Pirâmides do Egito, é Patrimônio dos Povos Indígenas Brasileiros, independente de troncos culturais ou lingüísticos, pois precede a constituição das atuais etnias contemporâneas, assim como o Sambaqui de Duna Pequena, de 2.170 anos, ambos testemunhos vivos da presença e do engenho do Homem – paleoindígena ou indígena – nas Américas.
Já Duna Grande, separado do Sambaqui Duna Pequena pelo canal aberto artificialmente entre a Lagoa de Itaipu e o Mar pela Veplan, é um cemitério Tupinambá dos primórdios da colonização e pertence, por direito sucessório, aos Povos de Tronco Tupi e à Comunidade Tradicional Caiçara, em parte descendente dos Povos Tupi que habitaram a região.
Como é de conhecimento público, o CESAC – entidade formada por indivíduos da etnia Guajajara, de Tronco Tupi - desde 2002 se mobiliza em defesa do Sambaqui Camboinhas e Duna Pequena, dos demais cemitérios indígenas e do sistema lagunar e do ecossistema de restinga remanescente de Itaipu, juntamente com as entidades ambientais, as populações originárias e tradicionais, por meio de suas entidades.
Como é também de conhecimento público a área dos Sambaquis Camboinhas e Duna Pequena são disputada pelos setores imobiliário e empreiteiro, que pretendem erguer sobre a restinga remanescente e os Sambaquis um empreendimento imobiliário que conjuga 220 prédios de apartamentos.
O CESAC apresentou juntamente com a Comunidade Caiçara de Itaipu - comunidade tradicional, em parte descendente de Povos Originários da Região – por meio da ALPAPI (Associação Livre dos Pescadores Artesanais da Praia de Itaipu) um projeto interétnico de manejo sustentável da área para as principais etnias herdeiras - demonstrando o interesse em dar uma destinação indígena e interétnica à uma área indígena por direito.
O projeto do CESAC e ALPAPI conjuga sustentação econômica e preservação e - desde 2004 - etnias originárias, como os Kayapó, os Pataxó, os Tukano, os Guajajara e os próprios Guarani, entre outras etnias, tem ocupado pontualmente o Sambaqui Duna Pequena, mobilizadas pelo CESAC, visando por um freio literal na especulação imobiliária e, ao mesmo tempo, conscientizar a população.

Como um meio de frear a especulação e dar início ao projeto de manejo sustentável o CESAC adquiriu do velejador George Mollin a área que ocupava informalmente, por meio de escritura de Cessão de Direitos em 2007.

Em fins do mesmo ano, o CESAC foi procurado pelo Sr. Cristino Machado, representante da Funai/RJ, para alocar ou assentar uma família Guarani Mbyá, oriunda da Argentina, que havia sido expulsa da Comunidade de Paraty - Mirim. O projeto de manejo sustentável foi apresentado ao Sr. Cristino Machado (Funai) e às lideranças Guarani, assim como, amplamente discutido com a referida família - objeto de ampla e intensa discussão acadêmica e comunitária, o projeto do CESAC e da ALPAPI diz respeito às áreas da Cultura, da Arqueologia, da Museologia, da Antropologia e dos Direitos Aplicados, indo muito além da querela sobre a permanência ou impermanência de famílias indígenas sobre o Sambaqui Duna Pequena.

O restante da estória é de conhecimento público: o incêndio criminoso – e misterioso – do aldeamento indígena, os holofotes, as campanhas de doações na mídia, a entrega de um prêmio de luta pelos Direitos Humanos ao “cacique” Darci Nunes, a campanha difamatória e pusilânime do CCOB e as ações covardes de indivíduos Guarani (que agora tentam escapar da opinião pública migrando para Maricá), culminando com a expulsão dos Guajajara que um dia abrigaram os Guarani pelos mesmos, o hóspede tentando assassinar o hospedeiro.


II

OS OSSOS

A família Guarani foi alocada sobre a área do Sambaqui Duna Pequena por princípios humanitários e legítimo anseio de reparação, compensação e indenização às etnias (os Guarani Mbyá pertencem ao Tronco Lingüístico Tupi-Guarani), pois a mesma – já expulsa das aldeias Guarani de Paraty-Mirim, Bracuí e Arapongas - estava sem eira nem beira, condenada a viver de favor na ocupação do antigo Museu do Índio, no Maracanã.

Desde o primeiro momento que chegaram os Guarani foram alvos de ataques por parte da Soprecam, entidade “governada” por Stuessel Amora que pedia a pronta expulsão dos mesmos alegando que “desvalorizavam a área”, ao mesmo tempo que foram “adotados” pelo CCOB, ONG que diz representar interesses comunitários em Niterói, que se valendo de um discurso de “solidariedade aos irmãos Guaranis”, utilizava os indígenas como estandarte na sua querela pessoal contra a Soprecam.

O discurso feito pelo “cacique” Darci Nunes no RJ/TV, segurando ossos escavados nos Sambaquis (e beirando não somente ao ridículo, como ao criminoso), de que ali estavam “os ossos dos antepassados” não se sustentava em pé, em primeiro lugar, por que não consta em nenhum livro ou relato histórico que os antepassados dos atuais Guarani (“Carijó”) estiveram por essa área, que era ocupada pelo Tupinambá na ocasião do massacre ocorrido no Século XVI. Em segundo lugar porque, por mais aguçado que seja espiritualmente o Pajé, não se pode determinar ascendência para um osso anônimo de 2.170 anos de idade, anterior à constituição das etnias contemporâneas, como os ossos do Sambaqui Duna Pequena (além, de repito, ser criminoso removê-lo).

Fontes orais atestam a presença de indígenas na região da Grande Itaipu, assimilados pela sociedade dominante, até os anos 20 do Século XX - mas nenhuma se refere à etnia Guarani.

Etnia hoje em grande parte sob a proteção do Conselho Indigienista Missionário (CMI), os Guarani Mbyá possuem hoje uma religiosidade onde pode se encontrar ecos das crenças trazida pelos Jesuítas. Ao contrário do que escreveu Bessa Freire em uma polêmica sobre a permanência dos Guarani em Camboinhas, alguns Guarani Mbyá foram tão manipulados pelos Jesuítas que acabaram por se tornar manipuladores.

Curiosamente o mesmo senhor Bessa Freire, que – com o “cacique” Darci Nunes, Presidente – é hoje Vice-Presidente do CIN (Conselho Indígena de Niterói), entidade que defende a área como de “ocupação tradicional”, em seu trabalho conjunto com Márcia Fernanda Malheiros, Os Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro – de publicação anterior à chegada da atual família Guarani, portanto, anterior à criação da própria CIN - não lista nenhuma tribo Guarani ou “Carijó” como originária do litoral do atual RJ (apontados os Tupinambá, Temiminó, Tupinikin ou Margaya e os Ararape ou Arary como os únicos grupos de família Tupi-Guarani localizados na região do atual estado).

Xamãs Guarani Mbyá sérios como Jonas Tupã, de Boa Esperança, Espírito Santo, declaram ser o Paraguai a “Terra Mãe”, o “Centro da Terra” para a etnia, sendo o litoral o “Limite da Terra” e tendo a peregrinação para o litoral pelos Mbyá sido decorrente de uma Oguatá, uma busca messiânica pela prometida “Terra Sem Males”, não – e nunca - uma busca por uma “Terra Ancestral”. O Pajé Jonas Tupã ainda ressalta ser a “Terra Sem Males” um lugar metafísico, não terreno como a área do Sambaqui Duna Pequena (tenho guardado o depoimento completo em DVD).

Hoje está muito claro para quem acompanhou o processo que os ossos que o “cacique” Darci Nunes de Oliveira segurava não eram “ossos de antepassados”, os ossos que o senhor Darci Nunes não quer largar são os ossos da rentabilidade farta, pois, estando em um trecho de litoral privilegiado, visitado por turistas e banhistas durante todo o ano (não somente durante o verão), pode ali cobrar 10 reais por cabeça aos visitantes e vender artesanatos Guajajara e Pataxó como se fossem originários da “cultura Guarani” – assim como artesanato de famílias de três aldeias Guarani do Espírito Santo – sem dar satisfação aos donos/produtores, pois esses foram todos expulsos dali (acabando esse estoque aparecerá um outro fornecedor, de outra etnia e de igual boa fé, que, comovido pela “luta” dessa família Guarani, se oferecerá para ajudar).

Não bastesse, os holofotes trazidos pelo misterioso incêndio que assolou a aldeia (e o prêmio pela “luta pelos Direitos Humanos” decorrente) renderam boas doações em gêneros e espécie, estando essa família Guarani hoje em estado de “sustentabilidade plena”, não necessitando de qualquer esforço para ganhar o pão com o suor de seu rosto – visto que até os peixes são doados pelos pescadores de Itaipu, em gratificação à ajuda no arrastão, não necessitando aos Guarani de Camboinhas de tomar iniciativa nem para pescar.

Com uma vida farta dessas, não é de estranhar que o sulista Darci Nunes de Oliveira não queira “largar o osso” da rentabilidade farta e sem algum esforço, podendo passar as noites criando barriga no quiosque defronte a aldeia sem precisar pensar no amanhã.

III

O SEQUESTRO

É de se estranhar que, após a instalação definitiva dos Guarani sobre o Sambaqui Duna Pequena, com apoio da Funai e do CCOB, ainda estejam ali instalados, logo defronte, os containers e os seguranças pagos pelas construtoras, visto que tudo isso tem um custo – e já se passa quase um ano desde que os Guarani se instalaram “definitivamente” sobre a área.

Não basta o soterramento de parte do Sambaqui Camboinhas para a construção de um prédio de apartamentos, aos empreiteiros e às imobiliárias interessa mais destruição, a especulação avançando sobre o Sambaqui Duna Pequena.

Não é todo o dia que as construtoras vislumbram uma oportunidade dessas, a de construir em local de vista privilegiada, defronte para o mar, 220 prédios de apartamentos. Principalmente quando se sabe que as construções possuem o aval e o total apoio de Prefeitura (e a omissão da Soprecam, entidade representativa dos moradores, em Audiência Pública), apesar de serem os prédios sobre Área de Preservação Permanente, “protegida” pelo IPHAN e por legislação federal (sobre o terreno de posse do CESAC, entidade fundada e dirigida por indivíduos da etnia Guajajara, ocupado hoje ilegitimamente por uma família Guarani).

Não seria de se estranhar o pagamento de seguranças por parte das construtoras – para uma área ocupada por aldeia indígena, com apoio da Funai e CCOB - caso eu houvesse dado atenção a algo que ouvi, mas “fiz que não ouvi” - não acreditando no que ouvia, acabei desacreditando no que tinha ouvido, não fosse alertado por outras testemunhas que ouviram a mesma frase em outras ocasiões. A argentina Lídia, mãe do “cacique” Darci Nunes, matriarca e “cacique de fato” do grupo, pronunciou a frase: “A gente só sai se houver indenização”.

A frase criminosa da “pajé” do grupo, lida de trás para frente, significa simplesmente: “Se houver indenização a gente sai”. O que não somente justifica a presença de seguranças pagos pelas construtoras na área defronte aos Sambaquis, investimento com fins de resguardar o local de futuras construções, como confirma e reafirma que toda a estória de “área de ocupação tradicional”, de “lugar sagrado” e de “ossos dos antepassados” é pura balela para ninar turista.

A frase da “pajé” é criminosa porque, em primeiro lugar, isso confirma que o aldeamento Guarani se configura não numa ocupação, mas em um seqüestro – e o seqüestro da restinga e do Sambaqui Duna Pequena é tão criminoso quanto o seqüestro de um ser humano.

A frase da “pajé” é criminosa, assim como tal seqüestro é tão criminoso quanto ao de um ser humano, pois o Sambaqui Duna Pequena é uma construção humana de 2.170 anos de idade (o Sambaqui Camboinhas com 8.000 anos), anterior à constituição das etnias ameríndias contemporâneas, sendo Patrimônio de Todos os Povos Indígenas Brasileiros e área de especial interesse para Toda a Humanidade.

A frase da “pajé é criminosa, pois o terreno, de posse legal do CESAC (entidade fundada e dirigida por indivíduos da etnia Guajajara) e ilegitimamente ocupada por uma família Guarani, está sobre uma local de especial interesse para as áreas da Cultura, Meio Ambiente, Museologia, Antropologia, Antropologia e para própria Genealogia do Homem nas Américas.

A partir do mês de fevereiro, com o CCOB estando em conversações com o Prefeito de Maricá a fim de realocar os Guarani, surgem especulações de todos os tipos, não ausentes de fundamentos (vide as declarações de Dona Lídia), sobre as reais intenções da família Guarani, do CCOB e sobre a própria criação do CIN (entidade criada como “braço indígena” do CCOB, ligada a políticos de Niterói).

Agora com a denúncia de que os Guarani estacionaram criminosamente 60 carros sobre o Sambaqui Duna Pequena, cobrando 10 reais a vaga, transformando uma dos patrimônios históricos e culturais mais relevantes do Brasil – testemunho da ocupação nas Américas, área de interresse para toda a espécie humana - em estacionamento praiano, prova que essa família não somente seqüestrou o Sambaqui, como – não havendo resgate - tenta assassinar o seqüestrado.

IV

OS “OPRIMIDOS” VIRAM OPRESSORES

Uma dos povos indígenas mais numerosos do Brasil, os Guajajara, de Tronco Tupi, constituem o maior grupo de refugiados étnicos do país. Habitam 11 Terras Indígenas na Margem Oriental da Amazônia sufocadas pelo desmatamento criminoso, pelo latifúndio, pela mineração e pela pistolagem - sendo paulatinamente expulsos de suas terras. No afã de desalojá-los de suas terras pistoleiros não distinguem adultos de crianças, homens de mulheres (e a mídia, desinteressada pelo êxodo Guajajara, não exibe casos como o de Maria Paulina dos Anjos, de 6 anos, morta com um tiro na cabeça por pistoleiros que invadiram a aldeia de Anajá, no Maranhão em maio de 2008, entre outras centenas de casos).

Primeira etnia a ocupar o Sambaqui Duna Pequena no Século XXI, os Guajajara possuem uma história de 380 anos de contato com os brancos marcados por aproximações, recusas, revoltas e tragédias: a revolta contra os missionários capuchinhos de 1901 – comandada por Cauiré Imana, bisavô dos fundadores do CESAC - teve como resposta a última guerra oficial contra índios na História do Brasil, com mais de 200 mortos do lado “branco”.

De língua similar à falada pelos Tupinambá do Século XVI, enterrados hoje no Cemitério de Duna Grande, separado do Sambaqui Duna Pequena apenas por um canal artificial construído nos anos 70, os Guajajara que para aqui vieram não tiveram o recepção humanitária que membros de sua etnia deram aos Guarani que aqui chegaram.

Instigados por uma entidade que diz representar interesses comunitários em Niterói (CCOB), cujo diretor de comunicação afirma “não achar saudável a mistura de etnias” (desconhecendo casos de Terras Indígenas interétnicas pelo Brasil afora e experiências como a do Parque Indígena do Xingu, mais especificamente no Alto Xingu, onde as aldeias tradicionalmente abrigam famílias de etnias distintas, havendo em quase toda a família algum casamento interétnico), estimulando o dissenso e a conspiração para melhor dominar, indivíduos da família Guarani alocados no Sambaqui Duna Pequena passaram a hostilizar não somente uma família Guajajara recém chegada, bem como a hostilizar e agredir lideranças e anciãos da própria etnia Guarani, assim como apoiadores de opiniões independentes que ameaçavam a “liderança” de pensamento único, protagonizada por um rapaz imaturo e violento, de caráter deslumbrado, facilmente manipulável por aproveitadores organizados à órbita dessa entidade movida por interesses estranhos ao das etnias envolvidas.

Valdetaro, diretor de comunicação do CCOB, declara escandalizado em e-mail que “os Guajajara incentivados pelo advogado Arão da Providência afirmam que não devem obediência às lideranças Guarani” – o que entendido espantosamente como desafio – e que esse motivo fútil poderia ser detonador de conflito violento, quando as etnias ameríndias (quando não “teleguiadas” e incentivadas à ditadura por órgãos estranhos aos seus interesses como o CIMI e o CIN), vivem em regime denominado pelo etnólogo Pierre Clastres como “democracia de consenso”, não devendo obediência à Cacique algum (sendo que nenhum Cacique assume a função de “chefe”), muito menos obediência à um jovenzinho deslumbrado com os holofotes, manipulado por meia dúzia de aproveitadores brancos e adepto da opressão como o senhor Darci Nunes.

Uma das atribuições do Cacique entre grupos de Tronco Tupi é a de dividir, compartilhar, sejam presentes doados por um visitante ou frutos de uma pescaria (como relatado em depoimento do Cacique Kotok Kamayurá, em minha posse, gravado em DV em setembro de 2006), sendo assim, como os Guajajara, de Tronco Tupi, respeitariam uma “liderança” que nega comida à idosos de sua própria etnia – expulsando-os pela fome? Qual o líder, qual o cacique que deixa seus aldeados passando fome?

Indo mais longe, se respeito para o senhor Valdetaro, íntimo do ex-comandante do Forte Imbuhy, é submissão, por que os Guajajara que não se submeteram nem à ação do Exército em 1901 se submeteriam aos caprichos do filho de Dona Lídia?

Não passa pela cabeça do Sr. Valdetaro (autor, junto com José de Azevedo, presidente da entidade, de campanhas discriminatórias, difamatórias e injuriosas) que o advogado Arão da Providência não poderia ter nunca instigado os Guajajara a algo que já lhes é próprio de sua formação cultural, a autodeterminação e a nobreza. Espantosamente nem passa pelo discurso valdetariano que em um Estado de Direito só se deve obediência às leis da República.

Desinteressantes do ponto de vista estratégico por não serem manipuláveis, os Guajajara passaram a ser para o CCOB e para a família Guarani alocada em Camboinhas vistos como obstáculo para os interesses dessa família e da ONG, um empecilho para a agenda oculta de ambas.

O CCOB, então, passou a fazer uma campanha suja e conspiratória contra Arão da Providência e o CESAC, escrevendo para ministros, indo à estâncias judiciais, procurando apoio de antigos adversários para tal, enquanto, de outra ponta, os “Guarani de Camboinhas” começaram a sua campanha discriminatória de coação e violência contra a família Guajajara que se encontrava no local, iniciando com o corte d’água, passando pela coação diuturna e culminando com uma chuva de pedras contra a casa de teto de palha dos Guajajara onde no interior se encontravam crianças pequenas (há pelo menos quatro testemunhas, fora as vítimas).

Já temendo o pior por sua culpablidade no atiçamento dos Guarani, o CCOB covardemente quis culpabilizar Arão da Providência, de etnia Guajajara, diante de um Procurador de República pelos atos que direta ou indiretamente estimulou, imputando a Arão a responsabilidade pela presença dos Guajajara (como se esses fossem índios “teleguiados” como os que os membros da ONG estão acostumados a lidar e também como se os Guajajara fossem os “intrusos” e não os anfitriões).

V

CONSPIRAÇÕES E COMISSÕES ILEGÍTIMAS

O CCOB age agora como os portugueses do Século XVI agiram na Guerra dos Tamoios, estimulando o dissenso e fornecendo armas para os Guarani (Temiminó) para que atacassem os Guajajara (Tupinambá), com fins de, tendo pleno domínio do território, pudessem lutar livremente contra a Soprecam (os franceses). No caso contemporâneo talvez a motivação seja mais abjeta: é possível que aos membros da ONG que diz representar interesses comunitários de Niterói (e agora criou um braço para “representar interesses indígenas”) seja conveniente limpar o terreno de testemunhas, como os Guajajara e o CESAC, para forjar mais à frente uma aliança (sigilosa e proveitosa para ambas as partes) com a Soprecam ou mesmo com as próprias empreiteiras.
O CCOB, com fins de limpar terreno, não se furta em levar sua campanha caluniosa e difamatória ao procurador de Justiça que é contra a ocupação Guarani, senhor Canedo, como ao próprio presidente da Funai e ao Ministro do Meio Ambiente, ao qual “minutos antes” atacou duramente.
Uma das armas que a entidade dispôs para os “Guarani de Camboinhas” foram a criação de um “Conselho Indígena de Niterói”, fundado em Assembléia Extraordinária da CCOB, criado à revelia dos Guajajara e demais etnias, bem como os caiçaras de Itaipu e Imbuhy, descendentes dos grupos Tupi da região, tendo somente um indígena na comissão, o presidente mestiço Darci Nunes, “cacique de Camboinhas”, ocupando cargo puramente ilustrativo, visto que quem são os verdadeiros “caciques” são o senhor Bessa e os “caciques do CCOB”, não possuindo tal conselho legitimidade alguma.
Tendo como Vice-Presidente Bessa Freire, do Conselho da Funai do Museu do Índio, para dar “legitimidade acadêmica” à comissão, o Conselho Indígena de Niterói tem ainda uma atriz obscura que usa os eventos aos quais os Guarani são convidados como plataforma de divulgação de si e de seu trabalho, um vereador que fez ouvidos de mercador às primeiras denúncias de opressão contra os Guajajara (o maior grupo de refugiados étnicos do Brasil, repito), políticos e os conspiradores e difamadores profissionais José de Azevedo e Carlos Valdetaro.

Vozes indígenas alegam que tal conselho não tem legitimidade, em primeiro lugar, porque se não convocou representantes de outras etnias um conselho indígena de Niterói não possui legitimidade alguma. Em segundo lugar, indígenas argumentam que sendo “teleguiado” por José Ribamar de Bessa Freire, que há décadas é “cacique” do programa Pró-Índio da Uerj, recebendo verbas públicas para formar indígenas sem formar um só índio nos últimos dez anos (apesar do valor de lei de cotas haver aumentado), tal conselho poderia servir a quaisquer interesses menos aos interesses dos indígenas.

Em terceiro lugar, argumento com os indígenas, um conselho que apóia direta ou indiretamente a discriminação contra qualquer grupo étnico, principalmente contra o maior grupo de refugiados étnicos do país, não deveria ter legitimidade alguma em nenhum lugar.

VI

CHUVA DE PEDRAS E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Não bastasse a chuva de pedradas, em ação coordenada com o CCOB, a Funai, na segunda semana de fevereiro estabeleceu um prazo até o fim daquele maldito mês para que os Guajajara deixassem a área do Sambaqui Duna Pequena – caso contrário, sairiam judicialmente.

Na mesma semana que foi instaurada uma Câmara de Conciliação da Advocacia Geral da União e divulgado o pedido de saída dos Guajajara (pelos jornais, pois a Funai, na pessoa do senhor Cristino Machado, não teve nem a hombridade de comunicar diretamente), o CCOB começou uma campanha difamatória contra a pessoa de Arão da Providência e o CESAC, coagindo o CESAC a retirar seus parentes Guajajara da área, pois, segundo dá entender Valdetaro, os Guarani poderiam partir para a violência e o CCOB – segundo e-mail – lavava as suas mãos tal como Pilatos, colocando Arão como responsável pelo dissenso que o próprio CCOB alimentou (e pelas possíveis conseqüências).

Quem fere o artigo 37 da Constituição é a Funai, na pessoa do Senhor Cristino Machado, maculando a Impessoalidade do cargo que ocupa, sob pena de Improbidade Administrativa, ao eleger uma família Guarani em detrimento a outras famílias, uma etnia em detrimento a outra, ferindo os direitos dos Guajajara, assim como os direitos dos Tupinambá e dos pescadores de Itaipu, herdeiros da área do Sambaqui Duna Grande e Duna Pequena por conta do direito sucessório.

O senhor Cristino Machado – a “peça oculta” na dita “guerra de Camboinhas” - é o responsável direto tanto pela instalação dos Guarani em Camboinhas quanto pela expulsão dos Guajajara do local, assim com responsável indireto pelo “estacionamento”, cometendo improbidade administrativa ao perder a imparcialidade e contemplar os interesses de apenas uma família.

Agora, enquanto escrevo essa linhas, sou informado que Oswaldo. agente de saúde e motorista da comunidade (que tanto fez pela família), foi espancado e teve os seus pertences roubados pelos “Guarani de Camboinhas”. Abafando o caso, senhor Cristino Machado (FUNAI) pagou a viagem de Oswaldo – imediatamente transferido - para o Paraná.

Pior do que isso, não tendo mais artesanato para vender, os Guarani abriram a área do Sambaqui Duna Pequena para um estacionamento de 60 carros, cobrando 10 reais por veículo, cometendo não somente um crime ambiental como um crime contra a Memória Humana – um crime contra a própria Humanidade, em suma.

Havendo destruição do Sambaqui Duna Pequena, construção humana ancestral e patrimônio indígena de interesse para toda espécie humana, o CCOB e a Funai devem ser responsabilizados criminalmente, assim como o “cacique” Darci Nunes.

VI

HISTÓRIA E ESTÓRIAS

O “cacique” Darci Nunes, ao expressar o seu desejo pela expulsão dos Guajajara ao Globo-Niterói, afirmou: “Não podemos confundir as coisas. Eles não tem história aqui.”

Incrível o imaginativo “cacique” supor que os Guarani tem história na cidade, antes da chegada ruidosa de sua família ninguém havia ouvido falar deles por aqui. Aliás, antes mesmo de Darci e Dona Lídia aprenderem a pronuciar “Ni-te-ró-i”, os Guajajara – primeira etnia indígena a ocupar o Sambaqui Duna Pequena no século XXI - já estavam lutando pela preservação da área, organizando atos públicos, trazendo outras etnias para discussão, criando um projeto um projeto que protege e garante a sustentabilidade dos territórios originários e tradicionais (de acordo com o Decreto 6.040/07, da Ministra Marina Silva) e, inclusive, adquirindo o terreno no qual Darci mora – usa, abusa e destrói - para melhor protegê-lo da especulação.

Os Guarani não possuindo história, criam “estórias” e fabricam história, a primeira, “a estória” é que eram descendentes do Homem do Sambaqui, coisa que qualquer um que tiver um menor entendimento sobre a história da ocupação humana nas Américas simplesmente refutaria. Estória que mesmo “o professor Darci”, se procurasse minimamente se informar, não teria coragem de ventilar, por mais “corajoso” que seja.

Os Guarani de Camboinhas fazem história ao expulsarem covardemente Eva, Hilário, Lucia, Oswaldo, Mário e o seu próprio Pajé, entre outros tantos que “ameaçaram” a liderança de pensamento único.

Os Guarani entram para a história ao não se darem conta que o espaço onde vivem está aberto a “mil olhos”, a não se aperceberem que a opinião pública está de olho em tudo o que se passa, ao não conceberem nem imaginarem o número de pessoas prontas – e aptas – a testemunhar.

Os Guarani de Camboinhas fazem história ao conseguir expulsar, se valendo da violência e da coação, os Guajajara, etnia Tupi que se instalou na área ao qual é hereditária por direito (Duna Grande, separado por Duna Pequena por canal artificial construído nos anos 70, é um grande cemitério Tupi), cuspindo no prato que lhes foi dado a comer e discriminando e coagindo representantes do maior grupo de refugiados étnicos do Brasil com chuvas de pedras.

Os Guarani entram para história ao negarem a própria etnia, se auto-declarando Tupi-Guarani (não existe tribo Tupi-Guarani, somente o Tronco Cultural), já de olho no direito sucessório de Duna Grande.

Não satisfeitos com a pequena história, os Guarani de Camboinhas querem entrar na Grande História, danificando irremediavelmente o Sambaqui Duna Pequena, edificação humana de 2.170 mil anos de idade, área de relevância ambiental, cultural, acadêmica e espiritual - destruindo a memória humana a troco de míseros dez reais e provando ao mundo do que é feita a sua espiritualidade.

Os Guarani de Camboinhas, nessa ação que tende a apagar a continuidade da memória pré-histórica, provam ao mundo que, se podem vender o espaço sagrado do Sambaquis de Camboinhas e permitir a sua destruição por dez reais, podem perfeitamente entregar a área – de especial interesse para a Cultura, para Arqueologia, para Museologia, para a Antropologia e, principalmente, pela Memória Humana –, vendendo o que não lhes pertence para especulação imobiliária a preço de banana (por isso mesmo o CCOB negocia, sabe-se lá com quais interesses, um terreno com a prefeitura de Maricá para realocar os Guarani).

Os Guarani de Camboinhas, não satisfeitos em expulsar aqueles que os acolheram, vendem agora o solo sagrado que os acolheu.

VII

ATENTADOS

Sejam quais forem os danos ao Sambaqui Duna Pequena, afundado sobre o peso de 60 carros, e à arqueologia e ao Meio Ambiente, o CCOB, nas pessoas dos senhores José de Azevedo e Carlos Valdetaro, e a Funai, na pessoa do senhor Cristino Machado, devem ser responsabilizados criminalmente. Atentar contra um Sambaqui é Crime, tão grave contra atentar contra a vida humana.

Da mesma forma que todo o dito Conselho Indígena de Niterói, criado para defender direitos e interesses exclusivamente dessa família Guarani, deve ser chamado à juízo para responder aos possíveis danos ao Sambaqui Duna Pequena, assim como o senhor Ribamar de Bessa Freire para esclarecer quais os interesses que o fizeram contrariar seus próprios estudos ao aceitar cargo de Vice-Presidente numa ONG que declara ser a área citada “território tradicional” dos Guarani.

Quanto ao “cacique” Darci Nunes, responsável direto pelo “estacionamento do Sambaqui Duna Pequena”, esse já demonstrou ser suficientemente emancipado – e “escolado” - para responder em juízo quaisquer acusações.

VII

SAINDO PELA TANGENTE

Agora, com denúncias sobre o estacionamento e uma foto do dito cujo publicado no CMI-Brasil, os Guarani Mbyá avisam pelo CCOB que estão de mudança para Maricá e o CCOB tergiversa enviando comunicados sobre os preços das tarifas de ônibus em Niterói.

Quem hoje ataca o CESAC é um energúmeno, provavelmente a mando do CCOB (que estrategicamente tirou corpo fora), alegando que o mais puro esclarecimento da verdade são “argumentos anti-guarani” – para se ter uma idéia do desespero.

No momento em que fotos do estacionamento criado pelos Guarani circulam pela internet, o CCOB anuncia a mudança da aldeia para Maricá. O próprio prefeito de Maricá vem a público dizer que o município está abrigando uma família de “tupis-guaranis” sobre a restinga (pobre restinga!).
Não adianta escapar pela tangente, todos os atentados contra o Sambaqui Duna Pequena e contra a verdade estão bem documentados, assim como a campanha difamatória e venal do CCOB (e as testemunhas sobre tudo o que foi relatado, agora, pululam) Texto publicado em http://comunidadeeditoria.blogspot.com/ e em http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/03/442262.shtml
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A exuberância da nossa mata e sua fragilidade.

Floresta desmatada não recupera diversidade, diz MPEG, após 40 anos, mata secundária só tem 35% das espécies originais.
Expectativa de vida desse tipo de vegetação, porém, é bem menor.
Da Agência Estado

Estão destruindo nosso maior patrimômio, que é nossa mata atlântica, em 500 anos de destruição só nos resta 1% da mata original sendo assim poderá simplesmente sumir do território brasileiro em menos de 30 anos, caso o ritmo continue de devastação, com isto acarretando o sumiço de diversas espécies de animais e vegetais raros e valiosos.....
A Mata Atlântica é considerada uma das florestas nativas mais ameaçadas de extinção. Em 1999, a Unesco declarou duas áreas da Mata Atlântica patrimônio da humanidade.
(Rita Vieira)

A constatação de que 20% das áreas desmatadas da Amazônia têm florestas em regeneração coloca o Brasil no centro de uma discussão internacional sobre o valor ecológico das florestas secundárias. Estudos de longo prazo realizados no nordeste do Pará por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) mostram que, mesmo após 40 anos em repouso, as florestas secundárias da região só recuperaram 35% das espécies arbóreas com mais de 10 centímetros de diâmetro que tinham originalmente.
Segundo cálculos do pesquisador Cláudio Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 132 mil dos 680 mil quilômetros quadrados de florestas derrubadas na Amazônia estavam em processo de regeneração até 2006. E, segundo especialistas, essas florestas podem até se transformar em florestas maduras, mas dificilmente recuperam a diversidade de espécies que tinham originalmente. Uma área de florestas secundárias (ou capoeiras) equivalente a tudo que foi desmatado na Amazônia nos últimos sete anos (de 2002 a 2008), suficiente para cobrir de mata os Estados de Pernambuco e Alagoas.
À primeira vista, pode parecer que sete anos de desmatamento foram “desfeitos”. Mas a simplicidade dos números esconde uma teia de fatores ecológicos altamente complexos. Além da regeneração, o tempo para regeneração é insuficiente. Segundo Almeida, a expectativa média de vida de uma floresta secundária na Amazônia brasileira é de apenas cinco anos, até ser cortada e queimada novamente.
Fonte jornal "O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Brasileiros Criativos.

Como parte das comemorações dos 60 anos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), foi realizada ontem, 2 de dezembro, a cerimônia de premiação dos vencedores do 3º Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural, na sede da empresa, em Belo Horizonte. O concurso, que acontece desde 2006, tem patrocínio do Banco do Brasil (BB), e é aberto a todos os agricultores e pecuaristas do Estado de Minas Gerais.

Dos 120 projetos inscritos em 2008 e após passar por algumas triagens, cinco foram classificados e premiados. o vencedor do concurso foi o produtor José Alves da Fonseca, do município de Mateus Leme, no Centro-oeste mineiro. Assistido pelo extensionista Afrânio Otávio Nogueira, José Alves foi premiado com o projeto Rebobinador Caseiro de Fita Gotejadora. O equipamento facilita a montagem e a desmontagem de sistemas de irrigação de gotejamento, com enrolamento e desenrolamento de fitas gotejadoras (feita de mangueiras ou tubos), o que evita danificá-las.


Produtores mineiros recebem prêmios do Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural: Da esquerda para a direita, o agricultor premiado em 1º lugar, José Alves da Fonseca, o gerente do Banco do Brasil, Carlos Geovane R.Queiroz, o presidente da Emater-MG José Silva e o xtensionista reponsável pelo projeto Afrânio Otávio Nogueir
Créditos: Edna Souza e Alexandre SouzaAlém de um troféu, o agricultor ganhou um computador completo, uma impressora, uma televisão de tela plana e um aparelho de DVD. Fonseca não escondeu a felicidade por ter conquistado o 1° lugar. "Fiquei muito feliz por ter sido vencedor. A gente sempre espera vencer, mas eu fiquei realmente surpreso por ter ganhado", disse. Para ele, o prêmio é um incentivo a todos os produtores rurais, além de ter impacto na vida de outras pessoas. "O projeto que desenvolvi pode valorizar e melhorar a vida do homem do campo, que merece essa valorização. Temos que tentar melhorar sempre", argumentou José Alves.

O 2º colocado foi Eterno Donizete de Souza, do município de Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, com o projeto Bomba de Água com Bicicleta, que facilita a retirada da água de uma cisterna de 21 metros de profundidade, utilizada para consumo da família e dos animais da propriedade. Ao 2º lugar foram entregues uma televisão de tela plana, um refrigerador e um aparelho de DVD. O técnico responsável foi o extensionista João Paulo Aguiar.

Francisco de Assis Souza, do município de Dom Joaquim, na região Central do Estado, conquistou o 3º lugar. O agricultor construiu uma prensa apuradora de cera de abelhas, que facilita o processo de depuração do produto, evitando a solidificação de resíduos e imprimindo maior eficiência e rapidez no processo. Premiado com uma televisão de tela plana e um refrigerador, Assis afirma que se sentiu reconhecido. "Foi uma surpresa eu ganhar. Me sinto valorizado, e o melhor é que fiz uma coisa de valor para mim, mas que poderá ser utilizado por outras pessoas", comemorou ao lado do extensionista Vanilton Alves, que o assistiu.

A lista dos premiados se completa com os agricultores José Lourenço, de Capitólio, que conquistou o 4º lugar com o projeto Pedalando e Iluminando, e Manoel Aparecido de Souza, do município de Jaíba, que assegurou o 5º lugar na lista dos contemplados, com a Roçadeira Mecânica Manual. Os técnicos responsáveis foram respectivamente, Patrícia Regina Domingos e Luiz Antônio do Nascimento.


Produtores mineiros recebem prêmios do Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural: O 3º Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural faz parte das comemorações dos 60 anos da Emater-MG
Créditos: DivulgaçãoA comissão julgadora da premiação do Criatividade Rural 2008 foi formada por profissionais de comprovado conhecimento nos diversos setores da atividade agropecuária, selecionados em instituições do setor, como Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Entre os critérios de julgamento, foram considerados os impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais, além da viabilidade de execução dos projetos, e do quesito criatividade.

Segundo o gerente de mercado e agronegócio do Banco do Brasil, Carlos Geovane Rodrigues Queiroz, "o prêmio estimula a criatividade do produtor, que por meio de coisas que parecem simples, pode ter uma idéia capaz de revolucionar toda a sua produção." Durante o evento, o gerente garantiu a participação do Banco do Brasil na premiação do próximo ano, apoiando o agronegócio e reconhecendo os bons resultados do Estado no segmento.

Ao final da cerimônia, o presidente da Emater-MG, José Silva, declarou que "o prêmio foi uma maneira muito simples de mostrar na prática, que criatividade e inovação não são complicadas, e não estão restritas só aos que possuem uma formação acadêmica". Para o presidente da Emater-MG, "o Criatividade Rural resgata valores e a simplicidade da vida".

FONTE

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
Assessoria de Comunicação da Emater-MG
Telefone: (31) 3349-8021

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Paulo Freire
Uma lição de vida.

Ilusão de éticaDez anos já se passaram desde que, no final da madrugada de 2 de maio de 1997 (uma sexta-feira, dia chamado de veneris no calendário romano da Antigüidade, em homenagem a Vênus, deusa do Amor...), aconteceu a morte do corpo de Paulo Freire. Dez sem ouvir, de viva voz, o Mestre nos alertando para os riscos da complacência política e da conivência ingênua.Dez anos sem escutar, dito por ele mesmo, um verbo que preciosamente inventara: “miopisar”. Em Paris, em 1986, ao receber o Prêmio Educação para a Paz da Unesco disse: “De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes aprendi, sobretudo, que a paz é fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela. A paz se cria, se constrói na e pela superação de realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na construção incessante da justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em lugar de desvelar o mundo das injustiças, o torna opaco e tenta miopisar as suas vítimas”.Miopisar! Deixar míope, dificultar a visão, distorcer o foco. Isso nos lembra a conjuntura atual da República brasileira, na qual muitos daqueles aos quais cabe constitucionalmente a tarefa de proteger a Justiça, a Democracia e a Cidadania, fraturam a honradez e a legitimidade social, impondo, mais do que uma ilusão de ótica, uma ilusão de Ética. É a transformação em “normal” de uma opaca ética do vale-tudo, do uso privado dos recursos públicos, do exercício da autoridade legislativa para tungar benesses particulares, da outorga judiciária para obter a locupletação exclusiva.É claro que a incúria, a malversação, a prevaricação, a fraude e a negligência são temas cotidianos e recorrentes durante toda a nossa história, mas, não precisam continuar sendo... E, só não o serão mais se não os considerarmos como inevitáveis, naturais ou, até, normais. A novidade, porém, é que, no momento em que há mais divulgação e mecanismos legais de defesa contra tais desmandos e tresvarios, parece que o espaço pedagógico não vem tocando muito nesses temas (que não são nada transversais ou oblíquos e, sim, centrais e primordiais).Paulo Freire ficaria fraternalmente irado! Irado com o entorpecimento que acomete muitas e muitos de nós que atuamos em Educação; ele com certeza brandiria a Pedagogia da indignação contra a eventual demora em transformar esse contexto nacional eticamente turbulento em um tema-gerador diário de nossa reflexão na comunidade escolar, de modo a favorecermos a rejeição ao fatalismo e à cumplicidade involuntária. É provável, também, que nosso saudoso educador pernambucano nos relembrasse que “a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer...”.Primavera do patriarcaPouco mais de um mês após a morte de Paulo Freire, publiquei uma reflexão sobre ele e a sedução da esperança. Gostaria de celebrar essa lembrança com a retomada de um trecho daquela mesma homenagem, pois penso que se mantém dela a vivacidade.“Paulo Freire (1921-1997) foi uma pessoa encantadora nas múltiplas acepções que esse adjetivo carrega. Encantava as pessoas (no sentido de enfeitiçá-las) com sua figura miúda (grande por dentro), seu sotaque pernambucano (jamais abandonado) e sua barba bem cuidada (herança profética).”Seu maior poder de encantar tinha, no entanto, outra fonte: uma inesgotável incapacidade de desistir. De algumas pessoas se diz que são incapazes de fazer o mal, são incapazes de matar uma mosca, são incapazes de ofender alguém; Paulo Freire sofria (felizmente para nós) dessa outra incapacidade: não perdia a esperança.Cabe perguntar: esperança em que? Na reinvenção do humano, na necessidade de inconformar-se com as coisas no modo como estão. Dizia ele que “uma das condições fundamentais é tornar possível o que parece não ser possível. A gente tem que lutar para tornar possível o que ainda não é possível. Isto faz parte da tarefa histórica de redesenhar e reconstruir o mundo”.Tarefa histórica era uma expressão muito usada por Paulo Freire; ora, de quem recebera ele essa tarefa? De si mesmo, na sua relação com o mundo real; sua consciência ética apontava sempre como imperativa a obra perene da construção da felicidade coletiva.Ele encarnou, como poucos, um dos ideais da Grécia clássica que dizia ser a Eudaimonia o objetivo maior da Política (da vida na polis); literalmente eu/bem + daimonia/espírito interior, significaria paz de espírito, mas sua tradução oferece um ótimo trocadilho em português: felicidade e, também, feliz/cidade.Foi exatamente esse ideal (a política como busca da felicidade de todos e todas) que conduziu Paulo Freire para a educação e, nela, para a prática libertadora.Muitas vezes, ao se avaliar a importância da obra de Paulo Freire e o impacto que causou na realidade brasileira e internacional, foi comum tachá-lo de um “incompreendido”. Grande engano! Ele foi muito bem compreendido e, por isso mesmo, é amado e admirado por muitos e rejeitado por outros tantos.Paulo Freire não era (e nem poderia ser) uma unanimidade; fez uma opção pelo enfrentamento político e existencial e, dessa forma, só um resultado anódino de suas idéias e práticas conseguiria situá-lo no altar ascético (e inerme) daqueles que são aceitos por qualquer um. Afinal, mede-se, também, o alcance do que se faz pela qualidade dos adversários que se encontra e das oposições que se manifestam.O ideal freireano, felizmente, continua robustecido e vivo para as educadoras e educadores que sustentam a força da esperança e recusam-se a admitir a falência da felicidade; esse sim é um ideal perene e amoroso. Caminhos e escolhasEm uma manhã de fevereiro de 1992 (lá se vão quinze anos), logo no início do ano letivo, tive a oportunidade de passar algumas prazerosas e encantadoras horas na companhia de Paulo Freire. Fazíamos uma entrevista cuja finalidade era, depois, se transformar em um depoimento, publicado, em 1997, no livro Rememória – Entrevistas sobre o Brasil do século XX 1. Grande aula naquele dia.Enquanto conversávamos na sala da casa em que vivia com Nita Freire, distraí-me por um minuto ao observar um aparelho de som, sobre um aparador mais ao fundo. Toca-discos ainda era um objeto comum, numa época em que os CDs – agora já rumando para a obsolescência – estavam apenas iniciando sua difusão mais acelerada. Durante a entrevista, como uma deliciosa trilha sonora, havia uma música de Bach rodando em um compact disc. No entanto, minha atenção dirigia-se a alguns antigos discos de vinil alinhados sob o móvel, o mais visível com músicas de Geraldo Vandré.No mesmo instante, vendo a capa do disco, seja por ser começo de mais um ano docente, seja por estar frente a Paulo Freire, alguém que, aos 71 anos, ensinava há mais de meio século, lembrei-me dos versos iniciais da música O Plantador, de Geraldo Vandré e Hilton Accioly (lançada no disco Canto Geral, em 1968, em plena ditadura política e durante o exílio de Freire no Chile):“Quanto mais eu ando, mais vejo estradaMas se eu não caminho, eu sou é nada.Se tenho a poeira como companheira, faço da poeirao meu camarada”. Não é, claro, um caminhar para qualquer lugar e de qualquer modo; não é um caminhar errante e desnorteado. É preciso revigorar amiúde o alerta feito pelo mesmo Paulo Freire, em 1997, na Pedagogia da autonomia (última obra por ele lançada ainda em vida): “Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição.Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.”Viver sinceramente o “quanto mais eu ando, mais vejo estrada, mas se eu não caminho, eu sou é nada”. Viver docentemente.Especial humildadeEm setembro de 1994, Paulo Freire concedeu uma entrevista à educadora equatoriana Rosa Maria Torres, grande estudiosa e conhecedora da obra do inestimável mestre que, naquele mesmo mês, completava 73 anos. A conversa só foi publicada de fato na Argentina, em maio de 1997, poucos dias após o falecimento de Paulo Freire, mas, em 2001, quando ele faria 80 anos, saiu uma tradução em português no livro Pedagogia dos sonhos possíveis 2 , organizado por sua mulher, a educadora Ana Maria Araújo Freire.No diálogo, os temas prioritários foram a valorização do trabalho docente, a formação permanente, a necessidade de recuperação salarial, a importância específica de algumas greves do magistério, o perigo dos discursos eleitorais oportunistas, etc. No entanto, o que mais chamou a atenção foi quando, ao falar sobre o papel das greves, disse “Se eu pudesse ter mais influência através dos meus livros, através da minha postura e da minha posição, convidaria o magistério e seus dirigentes a reexaminar as táticas de luta. Não para abandoná-las. Eu seria o último a dizer aos professores ‘Não lutem’. Eu gostaria de morrer deixando uma mensagem de luta.”Uma década após a entrevista, o mais espantoso nessa frase não é evidentemente o conteúdo que ela carrega; afinal, Paulo Freire sempre deixou claro que as táticas pela labuta contínua na melhoria da educação não excluíam, mas também não se esgotavam, nas paralisações reivindicatórias eventuais. O que suscita surpresa é a humildade verdadeira que manifesta ao relativizar, ele mesmo, com honestidade, o poder de seus escritos e ensinamentos. O mestre levanta dúvidas pessoais sobre o peso da autoridade de suas obras e ações, a ponto de afirmar “se eu pudesse ter mais influência...”.Vai além. Usa na fala reproduzida antes o verbo no futuro do pretérito: “Eu gostaria de morrer deixando uma mensagem de luta”. Ora, o que mais fez durante toda a existência adulta? Por acaso seria aceitável supor que o conjunto da obra que viveu e publicou tenha deixado em algum instante de ser uma perene e abrasiva mensagem de ânimo combativo e crítica edificante? Esse “eu gostaria” sugere um desejo que nos parece estranho, pois, antes de tudo, o que fez incansavelmente, e assim o honramos, foi impedir que aceitássemos o falecimento da esperança.Aí está a chave. Embora nos seja óbvia a contribuição que Paulo Freire jamais deixou de oferecer para advertir as nossas conformidades e entusiasmar as nossas intenções, ele próprio não se admitia definitivo, concluído, encerrado. Continuava, com mais de 70 anos, um ser em construção e, desse modo, em aprendizados permanentes e aspirações elevadas.Há uma ironia etimológica. Seu nome inicial vem do latim paulu que significa “pequeno”; o vocábulo “humildade” por sua vez é oriundo da adjetivação (também latina) humilis, com o sentido de “pouca estatura”, pois tem origem no substantivo húmus (terra ou solo, o que nos está abaixo), mas, da mesma raiz indo-européia para “humano”.Grande lição.
Ser capaz de crescer porque ainda se considerava pequeno. Mario Sergio CortellaFilósofo, professor-titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da Pós-Graduação em Educação da PUC-SP. Integrou a equipe de Paulo Freire e foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo (1991-1992).