terça-feira, 30 de junho de 2009

Medidas básicas de socorro podem salvar vítima de problemas cardíacos

Médico recomenda que qualquer pessoa aprenda a aplicar método.

No caso da morte do cantor Michael Jackson muito pouco se sabe, com certeza, das circunstâncias que cercaram o final de sua vida. O uso de medicamentos contra a dor, somente a presença de um médico naqueles que seriam seus últimos momentos, nada confirmado. A divulgação da ligação telefônica que acionou o serviço de resgate para a casa de Michael, porém, revela a única certeza do caso, até agora. No trecho divulgado, a pessoa que solicita auxílio descreve que um homem de 50 anos estava inconsciente e não respirava.Além disso a vitima estava recebendo manobras de ressuscitação feitas, em princípio, por seu médico particular. O relato era de que Michael estaria ainda em sua cama. O que se pode afirmar com certeza é que esse não é o local ideal para isso.Uma lição que podemos tirar do acontecido é lembrar que qualquer pessoa pode e deve aprender o que fazer se vier a enfrentar uma situação semelhante. As medidas de Suporte Básico de Vida podem salvar uma pessoa e são simples.
O protocolo de atendimento está baseado em 3 pontos: a manutenção da passagem do ar pelas vias aéreas, permitindo que o oxigênio chegue aos pulmões e o gás carbônico seja exalado; a insuflação do ar até os pulmões se a vitima não estiver respirando espontaneamente; e as compressões do tórax, conhecidas como massagem cardíaca.
Essas manobras devem ser aplicadas com a vitima sobre uma superfície rígida e podem manter os sistemas do corpo funcionando até que o resgate chegue. Os médicos e técnicos do resgate lançam mão do que chamamos Suporte Avançado de Vida, dispositivos e medicação específica para as situações que levaram ao estado de inconsciência e muitas vezes à parada cardíaca.
E porque deveríamos aprender a fazer essas manobras? Cerca de meio milhão de pessoas por ano morrem de forma súbita, vitimas de problemas circulatórios. As manobras de Suporte Básico de Vida fazem parte da Corrente da Sobrevivência, que tem como elos: o reconhecimento de que existe uma energência e de que o resgate deve ser acionado; manobras de ressuscitação cardiopulmonares básicas, que já descrevemos; o uso de desfibriladores externos automáticos, quando esses estiverem disponíveis; o suporte avançado de vida e o transporte com segurança para um hospital, para dar continuidade ao tratamento.
Nas capitais e nas principais cidades do Brasil existem centros de treinamento que ministram esses cursos de Suporte Básico de Vida. Procure se informar e aprenda a salvar uma vida se um dia o destino lhe colocar nessa situação.

Luis Fernando Correia é médico e apresentador do "Saúde em Foco", da CBN.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O contra ataque ao famoso Aedes aegypti.

Técnica induz mosquitos da dengue a espalhar veneno contra sua espécie
Teste foi feito por pesquisadores em Iquitos, no Peru.Mortalidade das larvas chega a 98%, diz estudo.

Henry Fountain Do 'New York Times'

Controlar o mosquito amplamente responsável por infectar pessoas com o vírus da dengue não é fácil. Isso porque o inseto, o famoso Aedes aegypti, evoluiu em paralelo com os humanos, vivendo nas proximidades e se reproduzindo até mesmo nas menores concentrações de água – água da chuva numa lata jogada, por exemplo, ou o pires embaixo de um vaso de flores.
Com tantos locais possíveis para reprodução, espalhar pesticida pode ser uma atividade meticulosa e cansativa. Porém, Gregor J. Devine, da Rothamsted Research, um instituto especializado em agricultura na Inglaterra, teve uma ideia diferente: por que não deixarmos que os próprios mosquitos façam o trabalho? Ampliando estudos de laboratório que mostravam a capacidade de os mosquitos adultos apanharem um inseticida e transferi-lo, Gregor e seus colegas conduziram experimentos de campo em Iquitos, no Peru, usando piriproxifeno, um composto capaz de matar larvas sem causar danos a mosquitos adultos (ou a humanos, nas quantidades utilizadas). Após uma refeição de sangue humano, uma fêmea de A. aegypti gosta de encontrar um local escuro e úmido para descansar enquanto seus ovos se desenvolvem, saindo mais tarde para encontrar água para depositá-los. Devine disse que o trabalho da equipe, descrito na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", se aproveitou dessa rotina. Ele e sua equipe montaram “estações de disseminação”, compostas por panos úmidos e escuros impregnados com piriproxifeno, em cantos e fendas de túmulos num cemitério. Quando uma fêmea descansava no pano, suas pernas carregavam um pouco do pesticida. Esse, por sua vez, se soltava quando ela pousava numa poça de reprodução. Os pesquisadores descobriram que montar essas estações em 3% dos locais disponíveis no cemitério resultava numa cobertura de quase todos os habitats de reprodução da área imediata, numa mortalidade de até 98% das larvas de mosquito.