quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A exuberância da nossa mata e sua fragilidade.

Floresta desmatada não recupera diversidade, diz MPEG, após 40 anos, mata secundária só tem 35% das espécies originais.
Expectativa de vida desse tipo de vegetação, porém, é bem menor.
Da Agência Estado

Estão destruindo nosso maior patrimômio, que é nossa mata atlântica, em 500 anos de destruição só nos resta 1% da mata original sendo assim poderá simplesmente sumir do território brasileiro em menos de 30 anos, caso o ritmo continue de devastação, com isto acarretando o sumiço de diversas espécies de animais e vegetais raros e valiosos.....
A Mata Atlântica é considerada uma das florestas nativas mais ameaçadas de extinção. Em 1999, a Unesco declarou duas áreas da Mata Atlântica patrimônio da humanidade.
(Rita Vieira)

A constatação de que 20% das áreas desmatadas da Amazônia têm florestas em regeneração coloca o Brasil no centro de uma discussão internacional sobre o valor ecológico das florestas secundárias. Estudos de longo prazo realizados no nordeste do Pará por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) mostram que, mesmo após 40 anos em repouso, as florestas secundárias da região só recuperaram 35% das espécies arbóreas com mais de 10 centímetros de diâmetro que tinham originalmente.
Segundo cálculos do pesquisador Cláudio Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 132 mil dos 680 mil quilômetros quadrados de florestas derrubadas na Amazônia estavam em processo de regeneração até 2006. E, segundo especialistas, essas florestas podem até se transformar em florestas maduras, mas dificilmente recuperam a diversidade de espécies que tinham originalmente. Uma área de florestas secundárias (ou capoeiras) equivalente a tudo que foi desmatado na Amazônia nos últimos sete anos (de 2002 a 2008), suficiente para cobrir de mata os Estados de Pernambuco e Alagoas.
À primeira vista, pode parecer que sete anos de desmatamento foram “desfeitos”. Mas a simplicidade dos números esconde uma teia de fatores ecológicos altamente complexos. Além da regeneração, o tempo para regeneração é insuficiente. Segundo Almeida, a expectativa média de vida de uma floresta secundária na Amazônia brasileira é de apenas cinco anos, até ser cortada e queimada novamente.
Fonte jornal "O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Brasileiros Criativos.

Como parte das comemorações dos 60 anos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), foi realizada ontem, 2 de dezembro, a cerimônia de premiação dos vencedores do 3º Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural, na sede da empresa, em Belo Horizonte. O concurso, que acontece desde 2006, tem patrocínio do Banco do Brasil (BB), e é aberto a todos os agricultores e pecuaristas do Estado de Minas Gerais.

Dos 120 projetos inscritos em 2008 e após passar por algumas triagens, cinco foram classificados e premiados. o vencedor do concurso foi o produtor José Alves da Fonseca, do município de Mateus Leme, no Centro-oeste mineiro. Assistido pelo extensionista Afrânio Otávio Nogueira, José Alves foi premiado com o projeto Rebobinador Caseiro de Fita Gotejadora. O equipamento facilita a montagem e a desmontagem de sistemas de irrigação de gotejamento, com enrolamento e desenrolamento de fitas gotejadoras (feita de mangueiras ou tubos), o que evita danificá-las.


Produtores mineiros recebem prêmios do Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural: Da esquerda para a direita, o agricultor premiado em 1º lugar, José Alves da Fonseca, o gerente do Banco do Brasil, Carlos Geovane R.Queiroz, o presidente da Emater-MG José Silva e o xtensionista reponsável pelo projeto Afrânio Otávio Nogueir
Créditos: Edna Souza e Alexandre SouzaAlém de um troféu, o agricultor ganhou um computador completo, uma impressora, uma televisão de tela plana e um aparelho de DVD. Fonseca não escondeu a felicidade por ter conquistado o 1° lugar. "Fiquei muito feliz por ter sido vencedor. A gente sempre espera vencer, mas eu fiquei realmente surpreso por ter ganhado", disse. Para ele, o prêmio é um incentivo a todos os produtores rurais, além de ter impacto na vida de outras pessoas. "O projeto que desenvolvi pode valorizar e melhorar a vida do homem do campo, que merece essa valorização. Temos que tentar melhorar sempre", argumentou José Alves.

O 2º colocado foi Eterno Donizete de Souza, do município de Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, com o projeto Bomba de Água com Bicicleta, que facilita a retirada da água de uma cisterna de 21 metros de profundidade, utilizada para consumo da família e dos animais da propriedade. Ao 2º lugar foram entregues uma televisão de tela plana, um refrigerador e um aparelho de DVD. O técnico responsável foi o extensionista João Paulo Aguiar.

Francisco de Assis Souza, do município de Dom Joaquim, na região Central do Estado, conquistou o 3º lugar. O agricultor construiu uma prensa apuradora de cera de abelhas, que facilita o processo de depuração do produto, evitando a solidificação de resíduos e imprimindo maior eficiência e rapidez no processo. Premiado com uma televisão de tela plana e um refrigerador, Assis afirma que se sentiu reconhecido. "Foi uma surpresa eu ganhar. Me sinto valorizado, e o melhor é que fiz uma coisa de valor para mim, mas que poderá ser utilizado por outras pessoas", comemorou ao lado do extensionista Vanilton Alves, que o assistiu.

A lista dos premiados se completa com os agricultores José Lourenço, de Capitólio, que conquistou o 4º lugar com o projeto Pedalando e Iluminando, e Manoel Aparecido de Souza, do município de Jaíba, que assegurou o 5º lugar na lista dos contemplados, com a Roçadeira Mecânica Manual. Os técnicos responsáveis foram respectivamente, Patrícia Regina Domingos e Luiz Antônio do Nascimento.


Produtores mineiros recebem prêmios do Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural: O 3º Prêmio Emater-MG de Criatividade Rural faz parte das comemorações dos 60 anos da Emater-MG
Créditos: DivulgaçãoA comissão julgadora da premiação do Criatividade Rural 2008 foi formada por profissionais de comprovado conhecimento nos diversos setores da atividade agropecuária, selecionados em instituições do setor, como Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Entre os critérios de julgamento, foram considerados os impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais, além da viabilidade de execução dos projetos, e do quesito criatividade.

Segundo o gerente de mercado e agronegócio do Banco do Brasil, Carlos Geovane Rodrigues Queiroz, "o prêmio estimula a criatividade do produtor, que por meio de coisas que parecem simples, pode ter uma idéia capaz de revolucionar toda a sua produção." Durante o evento, o gerente garantiu a participação do Banco do Brasil na premiação do próximo ano, apoiando o agronegócio e reconhecendo os bons resultados do Estado no segmento.

Ao final da cerimônia, o presidente da Emater-MG, José Silva, declarou que "o prêmio foi uma maneira muito simples de mostrar na prática, que criatividade e inovação não são complicadas, e não estão restritas só aos que possuem uma formação acadêmica". Para o presidente da Emater-MG, "o Criatividade Rural resgata valores e a simplicidade da vida".

FONTE

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
Assessoria de Comunicação da Emater-MG
Telefone: (31) 3349-8021

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Paulo Freire
Uma lição de vida.

Ilusão de éticaDez anos já se passaram desde que, no final da madrugada de 2 de maio de 1997 (uma sexta-feira, dia chamado de veneris no calendário romano da Antigüidade, em homenagem a Vênus, deusa do Amor...), aconteceu a morte do corpo de Paulo Freire. Dez sem ouvir, de viva voz, o Mestre nos alertando para os riscos da complacência política e da conivência ingênua.Dez anos sem escutar, dito por ele mesmo, um verbo que preciosamente inventara: “miopisar”. Em Paris, em 1986, ao receber o Prêmio Educação para a Paz da Unesco disse: “De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes aprendi, sobretudo, que a paz é fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela. A paz se cria, se constrói na e pela superação de realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na construção incessante da justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em lugar de desvelar o mundo das injustiças, o torna opaco e tenta miopisar as suas vítimas”.Miopisar! Deixar míope, dificultar a visão, distorcer o foco. Isso nos lembra a conjuntura atual da República brasileira, na qual muitos daqueles aos quais cabe constitucionalmente a tarefa de proteger a Justiça, a Democracia e a Cidadania, fraturam a honradez e a legitimidade social, impondo, mais do que uma ilusão de ótica, uma ilusão de Ética. É a transformação em “normal” de uma opaca ética do vale-tudo, do uso privado dos recursos públicos, do exercício da autoridade legislativa para tungar benesses particulares, da outorga judiciária para obter a locupletação exclusiva.É claro que a incúria, a malversação, a prevaricação, a fraude e a negligência são temas cotidianos e recorrentes durante toda a nossa história, mas, não precisam continuar sendo... E, só não o serão mais se não os considerarmos como inevitáveis, naturais ou, até, normais. A novidade, porém, é que, no momento em que há mais divulgação e mecanismos legais de defesa contra tais desmandos e tresvarios, parece que o espaço pedagógico não vem tocando muito nesses temas (que não são nada transversais ou oblíquos e, sim, centrais e primordiais).Paulo Freire ficaria fraternalmente irado! Irado com o entorpecimento que acomete muitas e muitos de nós que atuamos em Educação; ele com certeza brandiria a Pedagogia da indignação contra a eventual demora em transformar esse contexto nacional eticamente turbulento em um tema-gerador diário de nossa reflexão na comunidade escolar, de modo a favorecermos a rejeição ao fatalismo e à cumplicidade involuntária. É provável, também, que nosso saudoso educador pernambucano nos relembrasse que “a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer...”.Primavera do patriarcaPouco mais de um mês após a morte de Paulo Freire, publiquei uma reflexão sobre ele e a sedução da esperança. Gostaria de celebrar essa lembrança com a retomada de um trecho daquela mesma homenagem, pois penso que se mantém dela a vivacidade.“Paulo Freire (1921-1997) foi uma pessoa encantadora nas múltiplas acepções que esse adjetivo carrega. Encantava as pessoas (no sentido de enfeitiçá-las) com sua figura miúda (grande por dentro), seu sotaque pernambucano (jamais abandonado) e sua barba bem cuidada (herança profética).”Seu maior poder de encantar tinha, no entanto, outra fonte: uma inesgotável incapacidade de desistir. De algumas pessoas se diz que são incapazes de fazer o mal, são incapazes de matar uma mosca, são incapazes de ofender alguém; Paulo Freire sofria (felizmente para nós) dessa outra incapacidade: não perdia a esperança.Cabe perguntar: esperança em que? Na reinvenção do humano, na necessidade de inconformar-se com as coisas no modo como estão. Dizia ele que “uma das condições fundamentais é tornar possível o que parece não ser possível. A gente tem que lutar para tornar possível o que ainda não é possível. Isto faz parte da tarefa histórica de redesenhar e reconstruir o mundo”.Tarefa histórica era uma expressão muito usada por Paulo Freire; ora, de quem recebera ele essa tarefa? De si mesmo, na sua relação com o mundo real; sua consciência ética apontava sempre como imperativa a obra perene da construção da felicidade coletiva.Ele encarnou, como poucos, um dos ideais da Grécia clássica que dizia ser a Eudaimonia o objetivo maior da Política (da vida na polis); literalmente eu/bem + daimonia/espírito interior, significaria paz de espírito, mas sua tradução oferece um ótimo trocadilho em português: felicidade e, também, feliz/cidade.Foi exatamente esse ideal (a política como busca da felicidade de todos e todas) que conduziu Paulo Freire para a educação e, nela, para a prática libertadora.Muitas vezes, ao se avaliar a importância da obra de Paulo Freire e o impacto que causou na realidade brasileira e internacional, foi comum tachá-lo de um “incompreendido”. Grande engano! Ele foi muito bem compreendido e, por isso mesmo, é amado e admirado por muitos e rejeitado por outros tantos.Paulo Freire não era (e nem poderia ser) uma unanimidade; fez uma opção pelo enfrentamento político e existencial e, dessa forma, só um resultado anódino de suas idéias e práticas conseguiria situá-lo no altar ascético (e inerme) daqueles que são aceitos por qualquer um. Afinal, mede-se, também, o alcance do que se faz pela qualidade dos adversários que se encontra e das oposições que se manifestam.O ideal freireano, felizmente, continua robustecido e vivo para as educadoras e educadores que sustentam a força da esperança e recusam-se a admitir a falência da felicidade; esse sim é um ideal perene e amoroso. Caminhos e escolhasEm uma manhã de fevereiro de 1992 (lá se vão quinze anos), logo no início do ano letivo, tive a oportunidade de passar algumas prazerosas e encantadoras horas na companhia de Paulo Freire. Fazíamos uma entrevista cuja finalidade era, depois, se transformar em um depoimento, publicado, em 1997, no livro Rememória – Entrevistas sobre o Brasil do século XX 1. Grande aula naquele dia.Enquanto conversávamos na sala da casa em que vivia com Nita Freire, distraí-me por um minuto ao observar um aparelho de som, sobre um aparador mais ao fundo. Toca-discos ainda era um objeto comum, numa época em que os CDs – agora já rumando para a obsolescência – estavam apenas iniciando sua difusão mais acelerada. Durante a entrevista, como uma deliciosa trilha sonora, havia uma música de Bach rodando em um compact disc. No entanto, minha atenção dirigia-se a alguns antigos discos de vinil alinhados sob o móvel, o mais visível com músicas de Geraldo Vandré.No mesmo instante, vendo a capa do disco, seja por ser começo de mais um ano docente, seja por estar frente a Paulo Freire, alguém que, aos 71 anos, ensinava há mais de meio século, lembrei-me dos versos iniciais da música O Plantador, de Geraldo Vandré e Hilton Accioly (lançada no disco Canto Geral, em 1968, em plena ditadura política e durante o exílio de Freire no Chile):“Quanto mais eu ando, mais vejo estradaMas se eu não caminho, eu sou é nada.Se tenho a poeira como companheira, faço da poeirao meu camarada”. Não é, claro, um caminhar para qualquer lugar e de qualquer modo; não é um caminhar errante e desnorteado. É preciso revigorar amiúde o alerta feito pelo mesmo Paulo Freire, em 1997, na Pedagogia da autonomia (última obra por ele lançada ainda em vida): “Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição.Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.”Viver sinceramente o “quanto mais eu ando, mais vejo estrada, mas se eu não caminho, eu sou é nada”. Viver docentemente.Especial humildadeEm setembro de 1994, Paulo Freire concedeu uma entrevista à educadora equatoriana Rosa Maria Torres, grande estudiosa e conhecedora da obra do inestimável mestre que, naquele mesmo mês, completava 73 anos. A conversa só foi publicada de fato na Argentina, em maio de 1997, poucos dias após o falecimento de Paulo Freire, mas, em 2001, quando ele faria 80 anos, saiu uma tradução em português no livro Pedagogia dos sonhos possíveis 2 , organizado por sua mulher, a educadora Ana Maria Araújo Freire.No diálogo, os temas prioritários foram a valorização do trabalho docente, a formação permanente, a necessidade de recuperação salarial, a importância específica de algumas greves do magistério, o perigo dos discursos eleitorais oportunistas, etc. No entanto, o que mais chamou a atenção foi quando, ao falar sobre o papel das greves, disse “Se eu pudesse ter mais influência através dos meus livros, através da minha postura e da minha posição, convidaria o magistério e seus dirigentes a reexaminar as táticas de luta. Não para abandoná-las. Eu seria o último a dizer aos professores ‘Não lutem’. Eu gostaria de morrer deixando uma mensagem de luta.”Uma década após a entrevista, o mais espantoso nessa frase não é evidentemente o conteúdo que ela carrega; afinal, Paulo Freire sempre deixou claro que as táticas pela labuta contínua na melhoria da educação não excluíam, mas também não se esgotavam, nas paralisações reivindicatórias eventuais. O que suscita surpresa é a humildade verdadeira que manifesta ao relativizar, ele mesmo, com honestidade, o poder de seus escritos e ensinamentos. O mestre levanta dúvidas pessoais sobre o peso da autoridade de suas obras e ações, a ponto de afirmar “se eu pudesse ter mais influência...”.Vai além. Usa na fala reproduzida antes o verbo no futuro do pretérito: “Eu gostaria de morrer deixando uma mensagem de luta”. Ora, o que mais fez durante toda a existência adulta? Por acaso seria aceitável supor que o conjunto da obra que viveu e publicou tenha deixado em algum instante de ser uma perene e abrasiva mensagem de ânimo combativo e crítica edificante? Esse “eu gostaria” sugere um desejo que nos parece estranho, pois, antes de tudo, o que fez incansavelmente, e assim o honramos, foi impedir que aceitássemos o falecimento da esperança.Aí está a chave. Embora nos seja óbvia a contribuição que Paulo Freire jamais deixou de oferecer para advertir as nossas conformidades e entusiasmar as nossas intenções, ele próprio não se admitia definitivo, concluído, encerrado. Continuava, com mais de 70 anos, um ser em construção e, desse modo, em aprendizados permanentes e aspirações elevadas.Há uma ironia etimológica. Seu nome inicial vem do latim paulu que significa “pequeno”; o vocábulo “humildade” por sua vez é oriundo da adjetivação (também latina) humilis, com o sentido de “pouca estatura”, pois tem origem no substantivo húmus (terra ou solo, o que nos está abaixo), mas, da mesma raiz indo-européia para “humano”.Grande lição.
Ser capaz de crescer porque ainda se considerava pequeno. Mario Sergio CortellaFilósofo, professor-titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da Pós-Graduação em Educação da PUC-SP. Integrou a equipe de Paulo Freire e foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo (1991-1992).

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

QUESTÃO INDÍGENA


A imprensa é parcial e etnocêntrica
Por Renata Machado S. Rodrigues em 23/12/2008

A maioria dos grandes jornais brasileiros não aborda a questão indígena com imparcialidade. Certas abordagens em algumas matérias jornalísticas acabam resgatando elementos etnocêntricos cristalizados no imaginário de grande parte da população brasileira. A questão da terra indígena Raposa Serra do Sol e a forma como grande parte dos jornais publicaram matérias a respeito mostram como muitos jornalistas não estão preparados, pois desconhecem os povos indígenas e a realidade indígena contemporânea. O campo da comunicação tem muito a contribuir para a sociedade e por isso é de fundamental importância que sejam veiculados pensamentos que promovam acima de tudo a igualdade, e não a inferiorização, independentemente da cultura, classe social ou povo abordado nas matérias jornalísticas.
Através de um discurso dominante, muitos outros discursos são silenciados, ou seja, o outro se encontra em um processo de silenciamento e nesse ponto se faz presente a problematização dos discursos. O etnocentrismo europeu está enraizado no ethos da sociedade brasileira, que foi sendo construído durante séculos sobre bases e correntes de pensamento européias. Nos conteúdos escolares brasileiros, principalmente em livros de história, as informações a respeito do descobrimento do Brasil em 1500 mostram que a visão do europeu quando nesse continente chegou ainda está presente nos dias atuais, visão essa em que os povos nativos não são vistos como sujeitos, mas como selvagens, sem organização social, sem cultura, seres sem direitos, que não conhecem o trabalho. Ou seja, vistos enquanto objetos do Novo Mundo, não como seres humanos com culturas diferenciadas e organizações sociais próprias.
Fazendo a ponte desde o nascimento do Brasil até 2008, podemos observar como a nação brasileira deu continuidade à visão que se iniciou no Brasil enquanto Ilha de Vera Cruz .Visão da fala de outros: cientistas, europeus, missionários, e não a visão do próprio indígena.
"Caridade" do governo
A voz silenciada não conduz sua própria vida, mas é conduzida por vozes de outros, se tornando objeto do outro, que por ela fala. Podemos observar que ao logo dos anos continua presente a imagem estereotipada a respeito do indígena e o que é ser indígena, a imagem romântica do "bom selvagem" e do "mau selvagem" que foi propagada pelo indianismo.
Muitas pessoas ainda acham estranho um indígena usar roupas, ter formação acadêmica, dentre outras coisas, pois foram condicionadas em sua formação a ter a imagem de 508 anos atrás e se o indígena não está na mata, dentre outras coisas, para o senso comum ele deixa de ser o que é, da mesma forma que aqueles que são mestiços, que são urbanos ou não têm o biótipo aceito, não são considerados indígenas por muitos. O próprio nome "índio", dado pelo colonizador, acaba tirando o nome real desses povos e acaba sendo superficial para caracterizar quem são os povos indígenas, em um país que possui nos dias atuais mais de 230 povos diferentes entre si e 180 línguas sendo faladas, segundo registros da Funai - Fundação Nacional do Índio, fora as etnias ainda não reconhecidas.
O nome "índio" normalmente sugere que são todos iguais e que suas culturas não são diferentes, quando justamente cada povo, seja Majoruna, Pankararu, Tenetehára ou Xavante, dentre outros, possui culturas diferenciadas e é uma nação diferente.
Analisando como a mídia tradicional apresenta os povos indígenas, é possível observar que quase sempre é uma imagem violenta, sempre associada a conflitos, problemas, junto a argumentos preconceituosos – raras são as matérias que não apresentam essa imagem. Em algumas afirmações como "Brasil presenteia 500 índios com 4 milhões de hectares" (Jornal do Brasil, fevereiro de 2007), uma das informações passadas ao público é que as terras são presente ou caridade do governo, não uma causa que a Constituição garante.
"Liberdade de agressão"
A afirmação "Índio quer apito e terra" (JB, dezembro de 2008) mostra como o preconceito é presente de forma marcante nas matérias, embora muitas vezes não seja percebido por grande parte do público por ser algo cristalizado na sociedade. Frases, títulos e legendas como essas, que agridem, humilham, ridicularizam, inferiorizam a memória dos povos indígenas, são normalmente de matérias que acabam rompendo com as regras da deontologia da profissão, ignorando responsabilidades sociais e defendendo aquilo que interessa ao jornal enquanto empresa comercial.
O discurso de ameaça à soberania nacional feito pelo general Heleno, tão espetacularizado pela grande mídia, lembra o que o discurso nazista exacerbou na população alemã, através da propaganda, tanto em jornais, como em panfletos, rádios e comícios, colocando toda uma população contra judeus e ciganos, dentre outros, que eram vistos como ameaça ao desenvolvimento do país e uma ameaça à soberania racial ariana, vista por eles como superior a todas as outras.
No regime do apartheid ocorrido na África, com a migração de europeus para aquela região no início do século 20, leis começaram a ser criadas por alguns desses indivíduos e a política de segregação em 1948 foi oficializada, ganhando força. Os negros não tinham direito a ser proprietários de suas terras nem de participar da política, sendo obrigados a viver em locais que fossem separados dos brancos. É importante refletir sobre acontecimentos racistas que fizeram parte da história do mundo para que nem no presente nem no futuro o sentimento etnocêntrico resulte em mais conflitos violentos e genocídios.
Promover intolerância nos jornais é promover desigualdade, e não informação com imparcialidade. A necessidade da superação do etnocentrismo em algumas matérias jornalísticas é fundamental, uma vez que a veiculação de tais pensamentos racistas e preconceituosos resulta de forma negativa na sociedade, promovendo violência física e verbal contra os povos indígenas. Superar o etnocentrismo não é ser parcial favorecendo um lado, defendendo os povos indígenas e qualquer outro povo envolvido, seja indígena ou não, porém, sim, superar o pensamento etnocêntrico principalmente rumo a um pensamento onde esteja presente o respeito ao outro, entendendo que liberdade de expressão não condiz com "liberdade de agressão".
Papel de plástico reciclado.


Foi com grande alegria e orgulho que recebi esta notícia, pois foi uma equipe brasileira que com persistência e coragem, criaram o papel sintético, que ganha mais um atributo de sustentabilidade e passa a ser produzido com plásticos reciclados, produzido em forma de filmes, o material feito a partir de garrafas de PET, potes de alimentos e embalagens de material de limpeza, etc. Foram usadas várias composições e misturas de plásticos da classe das poliolefinas e podem ser empregados em rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de jogos, etiquetas, livros escolares, cédulas de dinheiro e sua utilização é ilimitada. O aspecto final é o mesmo do produto feito a partir da resina virgem, com a vantagem que se aproveita o material que iria para o aterro sanitário ou lixões, e assim minimiza a poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros, com a preservação de recursos naturais que são limitados.
A necessidade de produtos reciclados é urgente, a preocupação com a natureza, criou uma demanda por "produtos e processos amigos do meio ambiente" O projeto que levou cerca de três anos para ser desenvolvido, com plástico descartado pós-consumo foi com esforços do departamento de Engenharia de matérias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Vitopel, testado em uma planta piloto da empresa, fabricante de filmes flexíveis com fábrica em Votorantim, no interior paulista.
“Ele é indicado para aplicações que necessitam de propriedades como barreira à umidade e água, além de ser bastante resistente”, diz a professora Sati Manrich, do Departamento de Engenharia de Materiais da universidade e coordenadora do projeto que teve financiamento da FAPESP para o desenvolvimento da pesquisa e o depósito de patente.
O papel sintético comercializado atualmente é produzido com derivados de petróleo. Os testes na planta piloto, também chamada de escala semi-industrial, foram conduzidos por Lorenzo Giacomazzi, coordenador de tecnologia de processos da Vitopel, que tem a cotitularidade da patente. “O grande diferencial desse processo é fabricar um papel sintético com material totalmente reciclado”.
Viabilidade econômica - O produto já foi desenvolvido visando mercado. A empresa tem a intenção de lançar o novo papel sintético comercialmente, assim que algumas etapas sejam cumpridas, incluindo a criação de uma cadeia de fornecimento da matéria-prima (o plástico descartado). A Vitopel já tem os potenciais fornecedores: são algumas cooperativas de reciclagem com as quais a companhia mantém relacionamento.
Imagine quantas árvores poderemos ajudar a preservar.!!!!Somos responsáveis pelas nossas escolhas, tenha atitude seja um consumidor consciente.
Texto: Rita Vieira

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ciclo Solar


Novo Ciclo Solar
A actividade solar aumenta e diminuí em ciclos com uma duração média de 11 anos. Ultimamente temos vivido uma fase relativamente calma, com reduzida actividade, poucas fulgurâncias, manchas solares, ou qualquer outro tipo de actividade. O mínimo solar tem estado presente entre nós. O ciclo solar anterior, o ciclo 23, atingiu o seu máximo em 2000-2002 com um grande número de furiosas tempestades solares. Aquele ciclo foi decaíndo até à presente data, deixando os físicos solares com pouco mais para fazer do que interrogarem-se sobre quando começaria o novo ciclo solar? A resposta é: AGORA! "Os novos ciclos solares começam sempre com uma mancha solar de polaridade invertida, que surge em altas latitudes," explica Hathaway. Polaridade invertida significa uma mancha solar com polaridade magnética oposta, quando comparada com as manchas solares do ciclo solar anterior. A alta latitude refere-se à grelha de latitude e longitude do Sol . As manchas solares de um ciclo solar próximo do final surgem sempre próxima do equador solar, enquanto que as manchas de um novo ciclo começam por aparecer em latitudes mais altas, entre os 25º ou 30º de latitude. A mancha solar que apareceu no dia 4 de Janeiro enquadra-se em ambos os critérios. Tinha uma latitude alta (30º N) e era magneticamente invertida. O NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) atribuiu à mancha a designação AR10981, ou "mancha solar 981" de forma abreviada. A mancha solar 981 era pequena - com uma dimensão aproximada à do diâmetro do planeta Terra - e já desapareceu. Mas a sua aparição durante três dias, entre 4 e 6 de Janeiro, foi suficiente para convencer a maioria dos físicos solares que o ciclo 24 já se havia iniciado. Doug Biesecker do Centro de Previsão de Tempo Espacial do NOAA, liga a mancha solar 981 "ao primeiro despontar da primavera. Ainda há neve no chão, mas as estações estão a mudar." No último ano, Biesecker presidiu ao "Painel de Previsão do Ciclo Solar 24", um grupo internacional de peritos proveniente de diversas universidades e agências governamentais. "Previmos que o Ciclo Solar 24 deveria começar por volta de Março de 2008 e parece que não errámos por muito ", diz Biesecker. A previsão e conhecimento de um novo ciclo solar é importante devido à cada vez maior dependência da nossa sociedade tecnológica em equipamentos colocados no espaço. "As tempestades solares podem desactivar satélites dos quais dependemos para previsões atmosféricas ou para sistemas de navegação através de GPS," diz Hathaway. Emissões na banda do rádio , produzidas por fulgurâncias solares, podem interferir directamente com a recepção de sinal em telemóveis, enquanto que as ejecções de massa coronal (CMEs) que atingem a Terra, podem causar interrupções nos sistemas de distribuição de energia eléctrica. O exemplo mais conhecido aconteceu no Quebec (Canadá) em 1989, em que vários milhares de habitantes ficaram sem corrente eléctrica durante seis dias. Também as viagens aéreas podem ser afectadas. Todos os anos são transportados milhares de passageiros em voos intercontinentais, com rotas próximas dos pólos terrestres. Digamos que esta é a distância mais curta entre Nova Iorque e Tóquio ou entre Xangai e Chicago, por exemplo. Em 1999, a United Airlines efectuou apenas doze viagens sobre o Árctico. Em 2005, o número de voos similares subiu para 1.402, sendo que outras companhias reportaram crescimentos idênticos. De acordo com Steve Hill, do Centro de Previsão de Tempo Espacial, "as tempestades solares produzem um grande efeito nas regiões polares do nosso planeta. Quando os aviões voam sobre os pólos durante tempestades solares, podem sofrer períodos de total ausência de comunicações rádio, erros de navegação e falhas nos sistemas informáticos, tudo causado pela radiação proveniente do espaço. Evitar os pólos durante as tempestades solares resolve o problema, mas a utilização de outra rota tem custos em tempo extra, dinheiro e combustível." Estranho mas verdadeiro: enquanto que o ciclo solar 24 já começou o ciclo 23 ainda não terminou. Coexistirão ambos por um período de tempo, talvez um ano ou mais, enquanto um atinge o fim de vida e o outro ganha vida. Nos próximos meses poderemos observar na fotoesfera, em simultâneo, manchas solares do ciclo anterior e manchas solares do novo ciclo. Agora as boas notícias: mais tempestades solares significam mais auroras . Durante o último máximo solar, as "Luzes do Norte" foram vistas em latitudes tão baixas como a Florida e a Califórnia, nos Estados Unidos, ou o norte de Espanha e Sul de França, na Europa. Não há muito tempo, apenas os visitantes do Árctico podiam observar auroras com alguma regularidade, mas com o aumento de atenção dada à monitorização do tempo espacial, conjugado com o constante melhoramento das previsões, milhões de pessoas em toda as latitudes sabem antecipadamente quando devem sair de casa e olhar para o céu para observar um dos maiores espectáculos visíveis na Terra. Muito do que aqui foi descrito ainda está a uns anos de distância. O aumento da intensidade da actividade solar não começará imediatamente. O ciclo solar costuma demorar alguns anos a passar do mínimo (onde estamos agora) para o máximo, esperado para o final de 2011 ou início de 2012. É uma longa viagem, mas já a iniciámos. Fonte: Portal do Astronomo
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